Recentemente recebi uma prazerosa missão de acompanhar um
garotinho fanático pelo Goiás Esporte Clube ao estádio de futebol para assistir
a uma decisão que para mim era só mais uma partida, mas para ele era, talvez, a
principal partida de futebol de sua vida. Dois principais motivos ele teria
para assistir ao jogo da final do Goianão 2008: primeiro porque sempre tivera
vontade de ir a um estádio e seu pai ainda não havia permitido a sua ida,
temendo a violência que, às vezes, assola nessas “arenas”. Segundo porque era o
Goiás Esporte Clube, seu time do coração quem estava disputando a final contra
o Itumbiara, time do interior do Estado.
Na realidade, o menino não bem um garotinho, e sim, um
adolescentezinho, mas como ainda não havia ido a um estádio e naquele dia seus
pais não poderiam levá-lo, bem como deixá-lo sem ir, tampouco, encaminhá-lo por
qualquer uma pessoa. Diante dessas dificuldades, a pessoa mais indicada fui eu.
O menino visita a casa de minha família desde pequenino, toda
a minha família gosta muito dele e como o seu pai estava trabalhando tive de
levá-lo ao Estádio Serra Dourada e no fundo eu estava torcendo para levá-lo pela
primeira vez a um lugar assim.
Fiquei imaginando a emoção do menino, quantas sensações novas
o moleque viveria naquele dia. Pela primeira vez em sua vida iria se juntar aos
milhares de torcedores voltados a um só objetivo: prestigiar de perto um jogo
do seu time e torcer por mais uma vitória esmeraldina.
Minha tarefa era levá-lo ao estádio em segurança e zelar pela
sua integridade, em momento algum prometi torcer pelo seu time, pois na verdade
estava sonhando com a vitória da outra equipe. Lógico que inicialmente eu não
estava torcendo com o coração, somente com a razão. O adversário já havia
conquistado dezenas de títulos estaduais e o meu favorito tentava um titulo
inédito, para ser sincero era a primeira vez que conseguira chegar a uma final
estadual.
O problema era como fazer para não desapontar o garoto. Por
questão de segurança, o estádio fora dividido em duas alas, sendo uma maior
para a torcida do time da Capital e outra menor para o visitante. Eu devia ir
para a ala do visitante, time para o qual eu estava torcendo. O menino,
torcedor do time da casa devia se dirigir para a ala maior, mas como cuidar de
alguém que não está perto de você? Resolvi comprar uma camisa com as cores do
time do moleque, fui junto com ele para onde estava a grande torcida e de lá,
enquanto ele torcia pelo seu time do coração, eu vibrava disfarçadamente pela
outra equipe. Da boca para fora eu gritava com a voz verde o nome do time dele
e o meu ego tricolor vibrava cada vez que o time visitante aproximava do gol
adversário...
Gilson Vasco
Escritor