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Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

quarta-feira, 30 de novembro de 2016

As seis grandes tragédias aéreas da história do futebol

                                       
                                   
O trágico acidente aéreo na Colômbia com o avião que transportava a equipe brasileira de futebol Chapecoense e caiu próximo ao aeroporto do Medellín, matando 71 pessoas, vitimando praticamente toda a delegação é mais uma na lista de tragédias ligadas ao futebol.

É com muito pesar que este colunista apresenta, a seguir, a lista triste dos principais acidentes aéreos em que houve a perda da maior parte de uma equipe futebolística, mundo adentro:

1. A tragédia de Torino (04 de maio de 1949): Um dos dias mais tristes do futebol italiano aconteceu quando um avião Fiat G-212 que levava a equipe pentacampeã do Torino, na época uma das equipes mais fortes da Europa, chocou-se com a parede de trás da Basílica de Superga, nos arredores de Turim. Quarenta e duas pessoas que voltavam de uma partida beneficente em Portugal morreram, dentre elas 18 jogadores da equipe, funcionários do clube, jornalistas e os tripulantes. A culpa foi atribuída às más condições climáticas e a um erro de navegação.

2. O desastre de Munique (06 de fevereiro de 1958): Outro acidente aéreo envolvendo equipes de futebol que comoveu o mundo inteiro aconteceu quando jogadores da jovem equipe do Manchester United retornavam de Belgrado, Inglaterra, após disputa das quartas de final da Copa Europeia morreram. O acidente aconteceu ainda em terra, antes mesmo de o avião pegar voo, na terceira tentativa de decolar da pista do aeroporto de Munich-Riem, com neve, a aeronave da companhia aérea British European Airways derrapou e bateu. Além de oito jogadores, dois dirigentes do clube e vários jornalistas que cobriam a partida morreram na derrapagem em Munique. 23 dos 44 passageiros a bordo morreram. O acidente acabou com aquela mítica equipe dos Busby Boys, os meninos de Matt Busby. O técnico sobreviveu e conseguiu escapar de seus escombros para se transformar, mais tarde, em uma lenda do futebol inglês.

3. A tragédia do Alianza Lima (08 de dezembro de 1987): Ocorreu quando um avião Fokker 27 da Marinha de Guerra do Peru fretado pelo time de futebol Alianza Lima que estava voltando para enfrentar o Deportivo Pucallpa pelo torneio peruano caiu no oceano Pacífico, perto da costa peruana, a 10 quilômetros do aeroporto de Lima. Todos os integrantes da equipe, que liderava o campeonato do país, parentes e membros da comissão técnica morreram no acidente. Dentre os 54 passageiros e tripulantes, o único sobrevivente foi o piloto. A equipe ficou totalmente desmantelada e precisou seguir no campeonato local com jovens e jogadores fornecidos pelo Colo-Colo, que emprestou atletas em um gesto de solidariedade.

4. A tragédia da Zâmbia (28 de abril de 1993): Nesse acidente quando a seleção da Zâmbia estava em um avião militar em voo organizado pela Força Aérea do país africano, que se deslocavam de Port Louis, Ilhas Maurício, para Dacar, Senegal, onde competiria por vaga na Copa do Mundo de 1994, um dos motores pegou fogo e o piloto cometeu um erro ao encerrar o outro motor, com a aeronave mergulhando no Oceano Atlântico. O acidente aconteceu pouco depois da decolagem de Libreville, Gabão, depois de se reabastecer. Morreram também no acidente o presidente da seleção, três técnicos e 18 jogadores. Todos os membros da seleção de futebol da Zâmbia morreram com a queda no mar.

 5. O acidente do voo da Green Cross (03 de abril de 1961): Em uma das maiores tragédias do esporte chileno, o avião Douglas DC3 que voltava para Santiago, depois de uma partida fora de casa contra o Osorno, pela Copa do Chile, com parte da equipe de futebol mais famosa do Chile, o Green Cross, caiu nos Andes sem deixar sobreviventes. O equipamento transportava 24 pessoas, incluindo treinadores e oito jogadores. A aeronave caiu perto da meia-noite após se chocar com uma serra, perto da cidade de Longford, sendo apenas localizadas após 10 dias do acidente. Não houve sobreviventes. Parte da equipe, formada por treinadores e árbitros viajavam no avião da companhia aérea nacional LAN.
 6. A tragédia de Medellín ou tragédia da Chapecoense (29 de novembro de 2016): Como já vimos, essa é a mais recente tragédia aérea envolvendo o futebol. A queda do avião que transportava o time da Chapecoense na madrugada de terça-feira, 29 de novembro, próximo a Medellín, na Colômbia, torna-se a maior tragédia a envolver um time de futebol. O acidente deixou 71 mortos e seis sobreviventes. Estão sendo cogitadas a falta de combustível ou uma pane elétrica na aeronave como prováveis fatores da causa dessa tragédia, mas tudo ainda é muito prematuro.

Gilson Vasco

Adolescer violento

A solução estaria na redução da maioridade penal?


O Diário da Manhã, do dia 05 de dezembro de 2011, trouxe uma matéria intitulada Menores no mundo do crime e isso é uma realidade que vem assustando toda a sociedade brasileira, senão mundial. Segundo a reportagem “os crimes são diversos e estão sendo cometidos por autores cada vez mais novos”. O conteúdo produzido pelo jornal aguçou ainda mais a preocupação dos cidadãos goianienses ao saber que: “Em Goiânia, meninos com 13 anos de idade já cumprem medidas de proteção ou socioeducativas por delitos praticados, até então, por adultos”. A reportagem abordou ainda o tema maioridade penal, informando sobre três projetos de emenda à Constituição Federal que atualmente tramitam no Senado com fins de reduzir a maioridade penal no Brasil.

Alguns parlamentares, aparentemente de olhares não muito intenso para o futuro, brincam com a temática, de tal forma que até defendem a redução da maioridade penal de dezoito para dezesseis anos, outros com ideias mais excêntricas ainda são a favor da redução da maioridade penal de dezoito para treze ou doze anos! É um verdadeiro absurdo! Se continuar com essa brincadeira é bem capaz que numa data muito breve assistiremos o fim da proteção ao menor. Por que não rasguemos então o Estatuto da Criança e do Adolescente e cometemos um genocídio infantil? Onde queremos chegar com essa brincadeira desgostosa?

São muitos aqueles que discutem intensamente a redução da maioridade penal de dezoito para dezesseis, treze ou até mesmo doze anos como estratégia de diminuir a criminalidade, e para fundamentar essa tese descabida defende que a criança ou o adolescente com essas idades possui consciência plena para ser responsável pelos seus atos. Não nos restam dúvidas de que um jovem com dezesseis anos tenha sabedoria para discernir o bom do ruim ou o certo do errado, mas repudio a ideia da redução da maioridade penal, pois esse discurso desnecessário é, na verdade, uma perda de tempo. A redução da maioridade penal não é a panacéia que irá resolver a criminalidade cometida por indivíduos na flor da adolescência. Creio que essa conversa que, vez por outra, volta a ser tema no Senado Federal por aqueles que se acham dono do poder, é uma maneira encontrada para tentar camuflar a problemática em que a sociedade brasileira estar sucumbida. Não estão vendo que a resolução dos problemas na tangente do aumento da marginalidade deve tomar outra direção?!

Sabemos que nos países em que a maioridade penal sofreu redução a violência não diminuiu. Aqui na nossa América do Sul, por exemplo, nas nações onde a maioridade penal é de dezesseis anos é visível os índices altíssimos de violência, como é o caso da Argentina. Na Europa, a nação antes hitleriana e que hoje adota a idade de catorze anos como maioridade penal e deseja reduzir a maioridade ainda mais, o excesso de violência é assustador. Ainda no continente europeu, a França possui a maioridade penal de treze anos, segundo a Unicef. Isso é desolador. Na América do Norte, mais precisamente na terra do Tio Sam, muitos dos seus Estados adotaram a pena de morte e nem por isso conseguiram reduzir a violência entre os jovens, pelo contrário, dados confirmam aumento na criminalidade, mas como estamos falando somente da maioridade penal, nos Estados Unidos a maioridade penal varia conforme a legislação estadual, isto é, treze Estados fixaram uma idade mínima legal, a qual varia entre seis e doze anos (fico imaginando uma criança de seis anos no banco dos réus respondendo as indagações de um magistrado!). Nos demais Estados, a legislação se baseia nos usos e costumes locais, dentro do chamado “direito consuetudinário”, uma “lei comum” que não é escrita, mas que tem força de lei. Assim, adolescentes a partir dos catorze anos são julgados como adultos e jovens entre sete e catorze anos podem ou não ser considerados plenamente responsáveis por seus atos conforme uma análise individual de cada caso (se isso for implantado aqui no Brasil, em muitos casos, a dependência entre a absolvição e a condenação será o tamanho do bolso da família do acusado).

No México, a maioridade penal é de seis a doze anos, conforme o Estado, sendo onze ou doze anos para a maioria dos Estados; onze anos de idade para os crimes federais. Já na Groenlândia, a maioridade varia entre seis a sete anos. Dependendo da Província, em Nuuk, por exemplo, a pena é de seis anos.

No Irã, país do Oriente Médio a maioridade penal é de nove anos para mulheres e de quinze anos para homens.   

Em Bangladesh, na Tailândia e no Paquistão, países asiáticos, e na África do Sul, país africano, obviamente, a maioridade penal é de sete anos. Na China, adolescentes entre catorze e dezoito anos estão sujeitos a um sistema judicial juvenil, e suas penas podem chegar à prisão perpétua no caso de crimes particularmente bárbaros, chamados no Brasil de “crimes hediondos”.

 Claro que em alguns casos, como na Suécia, por exemplo, o número de jovens nessa faixa etária cumprindo pena em alguma prisão país afora, é baixíssimo, mas submeter uma criança ou um pré-adolescente em certos regimes é absolutamente inaceitável.

No caso específico do Brasil, talvez a redução da responsabilidade criminal de dezoito para dezesseis anos seria aceitável para igualar a maioridade penal com a idade em que o cidadão brasileiro esteja autorizado a votar, porém, isso se torna muito perigoso, ora, pois caso a maioridade penal sofra essa redução hoje, daqui a alguns anos, possivelmente ela decairá para catorze, doze, dez, oito... Até os bancos dos réus também serem usados como fraldários. Oxalá a criminalidade tenha diminuído.

Fato é que a redução da maioridade penal não reduzirá, tampouco, acabará com os homicídios praticados pelos jovens dessa faixa ou de qualquer outra idade se medidas sérias e eficazes não forem tomadas imediatamente.

Dia desses dissemos aqui que o que devia ser prática ou pelo menos estar em pauta era a discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação das crianças, adolescentes e jovens para a vida em sociedade, não se discute sequer o papel da sociedade perante a formação das crianças. Muitos filósofos, dentre eles Aristóteles já nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao contrário: estamos deixando nossas crianças e adolescentes se aventurarem pelos caminhos das drogas e, posteriormente, por não poder voltar, acabam entrando para o mundo da criminalidade, da violência.


A falta de incentivo do poder público, a desestruturação familiar, a falta de religião e a desocupação os levam ao abismo. O que temos a fazer é muito mais simples do que muitos no Senado Federal Brasileiro andam pregando na mídia. O primeiro passo é oferecer uma educação de qualidade às crianças e aos adolescentes, para que eles possam ter liberdade de escolha também para a prática do esporte e exercício do lazer. Quantas crianças, aqui mesmo em Goiânia, não são humilhadas dia a dia no caminho para a escola, num transporte coletivo de péssima qualidade, onde os estudantes (e a massa trabalhadora) sufocam para chegar ao seu destino final e muitos até sem o lanche matinal  enfrentam uma escola que não os respeitam. O que dizer, ou mesmo o que não dizer das filas nos hospitais? Não ser bem assistido pelos órgãos governamentais também é violência. A criança violentada hoje é, sem nenhuma dúvida, o adulto que irá violentar o próximo amanhã. Outros passos poderão ir sendo incrementados, mas não há outra saída para conter a violência neste gigante colosso senão a educação de qualidade, oferecida às crianças e aos adolescentes.

Gilson Vasco