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Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

sábado, 10 de junho de 2017

Tipos de Gramática (V) - Final


 A chamada Gramática Comparada, ou Linguística Comparada como outros também a chamam, surgiu no século XVII, e só ganhou força no século XIX, com os pensamentos voltados para a ideia de um ideal universal das línguas, tendo como referentes razões bíblicas, crenças, formação de uma gramática universal, preocupando-se então com os aspectos diacrônicos das línguas, como elas evoluem, assim sendo, buscavam compará-las e  assim encontrar parentescos entre as diversas línguas.

Podemos citar como um nome extremamente relevante dessa época, o alemão Franz Bopp (1791-1867), considerado o fundador da Gramática Comparada, o mesmo, escreveu um livro sobre a conjugação do sânscrito, abrindo novas perspectivas para a linguística, sendo considerado um filólogo do sânscrito.

Com a comparação do sânscrito com outras línguas, notou-se parentesco entre o sânscrito, línguas gregas, latinas, persas e germânicas, atribuindo a essa "família" de línguas o nome de Indo-Europeias. Os estudiosos que voltam seus estudos para as línguas Indo-Europeias, consideram essas línguas sendo de uma mesma família com uma origem em comum, o Indo-Europeu, o que poderíamos chamar de proto-língua. Essa observação foi percebida através do método comparativo.
 Eni Orlandi, diz que a grande contribuição das Gramáticas Comparadas foi evidenciar que as mudanças sofridas pelas línguas são regulares, têm uma direção. Não são caóticas como se pensava. No século XIX, para mostrar a regularidade das mudanças, alguns gramáticos históricos, os neogramáticos chegaram a enunciar leis para as mudanças da língua: as leis fonéticas. Por elas, os estudiosos procuravam explicar a evolução da língua. 

Devido aos neogramáticos que a língua  deixou de ser vista como um organismo que se desenvolve por si e passou a ser vista como um coletivo.

Então, a Gramática Comparada constitui-se no século XIX, a partir dos trabalhos de Franz Bopp. Caracterizou-se pela utilização do método comparativo, que consiste em comparar formar semelhantes de línguas consideradas como sendo da mesma família de línguas. A Linguística Comparada,  tem como objetivo estabelecer correspondências entre línguas para poder estabelecer suas relações de parentesco. A gramática comparativa estuda a analogia entre um grupo de línguas congêneres.

Enfim, chegamos ao final de mais uma série de artigos sobre a Gramática. Claro que vimos apenas alguns tipos de Gramáticas, muitos outros, dependendo da língua, são existentes e não foram vistos por nós, nestas oportunidades.


Gilson Vasco

Tipos de Gramática (IV)


Já vimos que a Gramática é a disciplina que orienta e regula o uso da língua, estabelecendo um padrão de escrita e de fala baseado em diversos critérios como os escritores, a lógica, a tradição ou o bom senso. Também sabemos que a matéria-prima da Gramática é o sistema de normas que dá estrutura a uma língua e que são essas normas que definem a chamada língua padrão, língua culta ou norma culta.

Há muito já sabemos que o chamado estudo dos fatos da língua, começado pelos gregos e continuado principalmente pelos franceses, era chamado genericamente de Gramática e procurava, sobretudo, estabelecer regras. Logo, veio a Filologia, que, comparando textos de épocas distintas e decodificando línguas arcaicas, passou a se ocupar também da história literária e dos costumes de cada região. Dessa forma, foram se definindo a Gramática Histórica, chamada por alguns gramáticos e pesquisadores de Linguística Histórica ou Diacrônica.

Assim, podemos dizer que a Gramática Histórica se ocupa de estudar a evolução dos diversos fatos da língua desde a sua estirpe até a época presente, ou ainda, de analisar a evolução histórica de uma língua, isto é, pode-se dizer que a Gramática Histórica é a apresentação metódica da história interna de uma língua.

Também podemos entender a Gramática Histórica como sendo aquela que estuda uma sequência de fases evolutivas de um idioma (Bechara, 1968). Estuda a origem e a evolução de uma língua, acompanhando-lhe as fases desde seu aparecimento até o momento atual (Travaglia, 2005:36).
Como a Gramática Histórica propõe-se a estudar os fatos de uma língua em sucessivas épocas ou em épocas anteriores à nossa alguns preferem chamá-la de linguística diacrônica, por só considerarem gramática, em seu verdadeiro sentido, a Gramática Normativa.

Pois bem, sabemos que a Linguística Diacrônica cuida da analise de fenômenos linguísticos nos diferentes momentos históricos da língua a que pertence e diferencia-se da Linguística Sincrônica que estuda a língua num momento histórico determinado, atual ou não.


 Gilson Vasco

Tipos de Gramática (III)


A chamada Gramática Descritiva  destina-se a descrever ou explicar as línguas tais como elas são faladas. Explicita as regras que realmente são utilizadas pelos falantes. Descreve como se dá o funcionamento da língua e seus usos; é o conjunto de regras sobre o funcionamento de uma língua nos mais diversos aspectos ou níveis. A principal diferença em relação à gramática normativa, é que, na primeira, há a preocupação em ditar regras que muitas vezes só são observadas na escrita, enquanto que a Gramática Descritiva explicita as regras que os falantes sabem e que usam no dia a dia. 

Sob a ótica de Silva (1999, p. 15-16), a chamada gramática descritiva tem por objetivo descrever as observações linguísticas atestadas entre os falantes de uma determinada língua. Sem prescrever normas ou definir padrões em termos de julgamento de correto/incorreto, busca-se documentar uma língua tal como ela se manifesta no momento da descrição. Nessa perspectiva, a gramática descritiva tem uma visão despida de qualquer preconceito linguístico. O seu campo de atuação é mais amplo, visto que contempla toda a diversidade, não se restringindo à abordagem da variante padrão.

A gramática descritiva ou sincrônica (do grego syn- 'reunião', chrónos 'tempo') é o estudo do mecanismo pelo qual uma dada língua funciona, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, e da análise da estrutura, ou configuração formal, que nesse momento a caracteriza. A gramática descritiva propõe-se a descrever as regras da língua falada, as quais independem do que a gramática normativa prescreve como "correto". Segundo Possenti, "é a que orienta, o trabalho dos linguistas cuja preocupação é descrever e/ou explicar as línguas tais como elas são faladas." Assim, diferentemente da gramática normativa, na gramática descritiva, as regras derivam do uso da língua.

A partir da constatação de que a gramática normativa não era capaz de dar conta do uso real da língua por seus falantes, surgiram outras concepções e, consequentemente, outras acepções de gramática. TRAVAGLIA cita três tipos de gramática: normativa (também chamada tradicional), descritiva e internalizada ou implícita.

A gramática descritiva está ligada a uma determinada comunidade linguística e reúne as formas gramaticais aceitas por estas comunidades. Como a língua sofre mudanças, frequentemente muito do que é prescrito na gramática normativa já não é mais usado pelos falantes de uma língua. A gramática descritiva não tem o objetivo de apontar erros, mas sim identificar todas as formas de expressão existentes e verificar quando e por quem são produzidas.

Enquanto a gramática normativa considera como erro o uso de formas diferentes da norma culta da língua (tornada oficial), na perspectiva da gramática descritiva, o erro gramatical não existe, ou, explicando melhor: ao adotar um critério social, não linguístico, de correção, a gramática descritiva considera erradas apenas as formas ou estruturas gramaticais não presentes regularmente nas variedades linguísticas reconhecidas pelos falantes de uma língua.

Enfim, a “gramática descritiva” objetiva estudar a língua em suas diferentes manifestações, rompendo com qualquer tipo de estigma.

Referências:

NASCIMENTO, Milton; TISO, Wagner. (Adaptação musical). Cuitelinho. In: A arte de Milton Nascimento. Rio de Janeiro, Polygram, 1988.
SILVA, Taís Cristófaro. Fonética e Fonologia do português: roteiro de estudos e guia de exercícios. 2.ed. São Paulo: Contexto, 1999.
MATTOSO CAMARA JR, Joaquim Estrutura da Língua Portuguesa. Petrópolis: Vozes, 2004; p.11.
Gramáticas - Normativa, descritiva e internalizada, por Alfredina Nery.
POSSENTI, S. Por que (não) ensinar gramática na escola. Campinas: Mercado das Letras, 1996, apud "Crenças de professores de Português sobre o papel da gramática no ensino de Língua Portuguesa", por Fabio Madeira. Linguagem & Ensino, Vol. 8, n°. 2, 2005 (17-38)
TRAVAGLIA, L.C. Gramática e interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez,2002, apud Fabio Madeira, op.cit..


Gilson Vasco

Tipos de Gramática (II)


Em artigos anteriores tivemos a oportunidade de pincelar acerca da Gramática Normativa e vimos que ela prescreve as regras, normas gramaticais de uma língua e que ela também admite somente uma forma correta para a realização da língua, tratando as variações como erros gramaticais. Vimos que a Gramática Normativa na atualidade é muito criticada pelos gramáticos, pois já se admitem outras gramáticas como a descritiva, a gerativa, etc.

Já sabemos que a Gramática Normativa toma como base as regras gramaticais tradicionais e o  uso da língua por dialetos de prestígio como, por exemplo, obras literárias consagradas, textos científicos, discursos formais, etc. As variedades linguísticas faladas são tratadas como desvio da norma até que sejam dicionarizadas e oficialmente acrescentadas às regras gramaticais daquela língua. Nada disso é surpresa, é o que já dissemos antes, quando é criado um novo vocábulo, de inicio a gramática não aceita, depois de anos, a gramática acaba se apropriando do vocábulo e passa a tê-lo como fator culto.

Alvo de críticas ou não é a Gramática Normativa extremamente importante para todos os usuários da língua, pois é com ela que se analisam as sentenças produzidas pelos falantes. Dessa maneira, as obras literárias consagradas, textos científicos, discursos formais, etc. são materiais que formam a base para que se obtenham regras gramaticais de cunhos tradicionais. E, sendo assim, as variedades linguísticas faladas são tratadas como desvio da norma culta até que sejam dicionarizadas e oficialmente acrescentadas às regras gramaticais daquela língua. O que estou insistindo em dizer é que um vocábulo dado hoje como “errado” pela Gramática Normativa pode ser considerado padrão “certo” daqui a cem anos, por exemplo. Ou seja, chega uma hora que a Gramática Normativa precisa “engolir” a língua. É como uma mãe que depois de o filho tanto insistir naquilo negado antes por ela, ela acaba cedendo.

A Gramática Normativa estuda a Fonologia através da ortoépia (estudo da pronúncia correta dos vocábulos), da prosódia (determinação da sílaba tônica) e da ortografia (representação correta da língua escrita)­; na Morfologia estuda a forma dos vocábulos, as classes de palavras e as classes gramaticais; por fim, na Sintaxe estuda a relação entre as palavras de uma oração ou relação entre as orações de um período a partir de regras pré-determinadas com relação à concordância, à regência e à colocação pronominal. A Gramática Normativa é uma disciplina e tem por finalidade codificar o uso do idioma, induzindo as normas que representam o ideal da expressão correta. As regras da Gramática Normativa são fundamentadas nas obras dos grandes escritores, onde é colocado um ideal de perfeição da língua como se não houvesse variações de pessoa para pessoa, dependendo do meio e do contexto. É nela que se espelha o uso idiomático que se consagrou.


 Gilson Vasco

Tipos de Gramática (I)


Nos últimos dezoito artigos desta série vimos muito sobre a Gramática da Língua Portuguesa, agora, já caminhando para os últimos artigos da série Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática, estudaremos um pouco sobre algumas gramáticas existentes.

Ao longo de nossa leitura percebemos que, entre outras funções, a Gramática regula a linguagem e estabelece padrões de escrita e da fala para os falantes de uma língua. Graças a ela, a língua pode ser analisada e preservada, apresentando unidades e estruturas que permitem o bom uso da língua, da língua portuguesa, no nosso caso.

É papel da Gramática ultrapassar a visão reducionista que faz da língua um aglomerado de regras prescritas pelos estudiosos do sistema linguístico, devendo ser capaz não apenas de prescrever o idioma, mas também de descrevê-lo, preservá-lo e, sobretudo, ter utilidade para os falantes. Sabemos que a Gramática apresenta as regras, mas quem movimenta e faz da língua um sistema vivo e mutável são os falantes, ou seja, os agentes da comunicação. Não é de agora que sabemos que a língua é um organismo vivo e, por esse motivo, é natural que exista um distanciamento entre o que é prescrito pelas normas e o que é efetivamente utilizado por seus falantes. Daí a existência de várias gramáticas para estudar a mesma ou várias línguas.

A Gramática Normativa é muito utilizada em sala de aula e para diversos fins didáticos. Ela busca a padronização da língua, indicando através de suas regras como devemos falar e escrever corretamente. Nela, a abordagem privilegia a prescrição de regras que devem ser seguidas, desconsiderando os fatores sociais, culturais e históricos aos quais estão sujeitos aos falantes da língua. A Gramática Normativa vai estudar a Fonologia através da ortoépia (estudo da pronúncia correta dos vocábulos), da prosódia (determinação da sílaba tônica) e da ortografia (representação correta da língua escrita). Na Morfologia ela estuda a forma dos vocábulos, as classes de palavras e as classes gramaticais. Por fim, na Sintaxe estuda a relação entre as palavras de uma oração ou relação entre as orações de um período a partir de regras pré-determinadas com relação à concordância, à regência e à colocação pronominal.

A Gramática Descritiva ocupa-se da descrição dos fatos da língua, com o objetivo de investigá-los e não de estabelecer o que é certo ou errado. Enfatiza o uso oral da língua e suas variações. Ela analisa um conjunto de regras que são seguidas, considerando as variações linguísticas da língua ao investigar seus fatos, extrapolando os conceitos que definem o que é certo e errado em nosso sistema linguístico.

A Gramática Histórica estuda a origem e a evolução histórica de uma língua , isto é, investiga a origem e a evolução de uma língua, representando os estudos diacrônicos.

A Gramática Comparativa estabelece comparação da língua com outras línguas de uma mesma família. No caso de nossa língua portuguesa, as análises comparativas são feitas com as línguas românicas. Ela dedica-se ao estudo comparado de uma família de línguas. O Português, por exemplo, como acabamos de ver, faz parte da Gramática Comparativa das línguas românicas.

Veremos um pouco mais sobre cada uma dessas gramáticas, separadamente, em artigos posteriores.

Fontes:
ROCHA LIMA, Carlos Henrique da. 1915-1991. Gramática Normativa da língua portuguesa. - 45ª edição - Rio de Janeiro: José Olympio, 2006.
http://www.partes.com.br/educacao/gramaticanormativa.asp

Gilson Vasco

Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática (XVIII) - Final


Em artigo anterior já vimos que a língua é um sistema tríplice que compreende um sistema de formas (mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sistema de sons (fônico), por isso, a Gramática tradicionalmente divide-se em Morfologia, Sintaxe e Fonologia/Fonética, porém, assim como muitos gramáticos eu também costumo incluir uma quarta parte, (para fins de informação há também autores que acrescenta outra parte chamada de Estilística, que estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua. Mas isso ficará para quem sabe em outra oportunidade) a Semântica, que se ocupa dos significados dos componentes de uma língua, haja vista que em linguística, Semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico, portanto, entendo que a Semântica também deva ser analisada em tópico à parte, como fizemos com as outras três partes gramaticais.

Mas afinal, o que é a Semântica? A Semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de uma língua. A semântica está dividida em descritiva ou sincrônica e em histórica ou diacrônica. Se descritiva ou sincrônica  estuda o sentido atual das palavras e se em histórica ou diacrônica estuda as mudanças que as palavras sofreram no tempo e no espaço.

A semântica descritiva estuda o significado das palavras e também as figuras de linguagem. O estudo do significado das palavras pode ser dividido em: sinonímia, antonímia, homonímia e paronímia.

Sinonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados iguais ou semelhantes, ou seja, os sinônimos. Exemplos: cara/rosto, quarto/dormitório, casa/lar/morada. Da Sinonímia podemos dizer também que é a divisão na Semântica que estuda as palavras sinônimas, ou aquelas que possuem significado ou sentido semelhante.

Se observarmos as três frases a seguir: A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse; A menina recusou energeticamente ao pedido para que comesse; A mocinha rejeitou impetuosamente ao pedido para que comesse. Veremos que os substantivos “garota”, “menina” e “mocinha” têm um mesmo significado, sentido, todos correspondem e nos remete à figura de uma jovem. Assim também são os verbos “renunciou”, “recusou” e “rejeitou”, que nos transmite ideia de repulsa, de “não querer algo” e também os advérbios que nos fala da maneira que a ação foi cometida “veementemente”, “energeticamente” e “impetuosamente”, ou seja, de modo intenso. Podemos concluir, a partir dessa análise, que sinonímia é a relação das palavras que possuem sentido, significados comuns. O objeto possuidor da maior quantidade de sinonímias ou sinônimos que existe é, com certeza, o dicionário.

Antonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, ou seja, antônimos. Exemplos: amor/ódio, dia/noite, calor/frio. Vejamos mais alguns exemplos de antonímia aplicados em algumas frases a seguir: A garota renunciou veementemente ao pedido para que comesse; A senhora aceitou passivamente ao pedido para que comesse. Percebemos que “garota” tem significado oposto à “senhora” assim como os verbos “renunciou” e “aceitou” e os advérbios “veementemente” e “passivamente”. Assim, quando opto por uma palavra opto também pelo seu significado que de alguma forma remete a outro sentido, em oposição.

Homonímia é o estudo da relação de duas ou mais palavras que possuem significados diferentes, porém, possuem a mesma forma e som, ou seja, os homônimos. Essas sofrem uma subdivisão: homófonas, homógrafas e perfeitas. Exemplos de homófonas: acento/assento, conserto/conserto; exemplos de homógrafas: pode/pode, olho/olho; exemplos de perfeitas: rio/rio, são/são/são; paronímia é o estudo da particularidade de duas palavras que apresentam semelhança na grafia e na pronúncia, mas têm significados diferentes. Exemplos: eminente/iminente, absolver/absorver. Explicando mais claramente, homonímia é a relação entre duas ou mais palavras que, apesar de possuírem significados diferentes, possuem a mesma estrutura fonológica. As homônimas podem ser homógrafas heterofônicas (ou homógrafas), homófonas heterográficas (ou homófonas), homófonas heterográficas (ou homófonas) e homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos).

As homógrafas heterofônicas (ou homógrafas) são as palavras iguais na escrita e diferentes na pronúncia. Exemplos: gosto (substantivo) / gosto (1.ª pessoa do singular presente do indicativo - verbo gostar); conserto (substantivo) / conserto (1.ª pessoa do singular, presente do indicativo - verbo consertar).

Homófonas heterográficas (ou homófonas) são as palavras iguais na pronúncia e diferentes na escrita. Exemplos: cela (substantivo) / sela (verbo); cessão (substantivo) / sessão (substantivo); cerrar (verbo) / serrar (verbo).
Homófonas homográficas (ou homônimos perfeitos) são as palavras iguais na pronúncia e na escrita. Exemplos: cura (verbo) / cura (substantivo); verão (verbo) / verão (substantivo); cedo (verbo) / cedo (advérbio).

A semântica estuda também a denotação e a conotação das palavras. A denotação é a propriedade que possui uma palavra de limitar-se a seu próprio conceito, de trazer apenas o significado original. Exemplos: As estrelas do céu. Vesti-me de vermelho. O fogo do isqueiro. A conotação é a propriedade que possui uma palavra de ampliar-se no seu campo semântico, dentro de um contexto, podendo causar várias interpretações. Exemplos: As estrelas do cinema. O jardim vestiu-se de flores. O fogo da paixão.

Gilson Vasco

Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática (XVII)


Assim como a Morfologia, a Sintaxe e a Semântica, (ou também a Estilística que para outros autores estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras) a Fonética e a Fonologia também fazem parte da Gramática. Talvez vocês estejam se perguntando o motivo do autor desta série de artigos sobre a Gramática da Língua Portuguesa não ter apresentado a Fonética e a Fonologia separadamente. Uma não se diferencia da outra?  Eu também, por muito tempo, me perguntava sobre a razão da sua não separação, mas hoje tenho claramente a resposta, a qual dividirei com todos. A fonética estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas (aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela fundamenta-se em estudar os sons da voz humana, examinando suas propriedades físicas independentemente do seu “papel linguístico de construir as formas da língua”. Sua unidade mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone, enquanto a fonologia estuda as diferenças fônicas intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de significação; a fonologia estabelece a relação entre os elementos de diferenciação e quais as condições em que se combinam uns com os outros para formar morfemas, palavras e frases. Sua unidade mínima de estudo é o som da língua, ou seja, o fonema. Assim, uma estuda o som e a outra o fonema, porém, as duas tratam dos aspectos fônicos, físicos e fisiológicos de uma língua. Daí, este autor não considerar a necessidade de trabalhar com a Fonética e a Fonologia separadas, ainda que a Fonética se diferencie da Fonologia por considerar os sons independentes das oposições paradigmáticas e combinações sintagmáticas.

 A fonética estuda os sons como entidades físico-articulatórias isoladas (aparelho fonador). Cabe a ela descrever os sons da linguagem e analisar suas particularidades acústicas e perceptivas. Ela fundamenta-se em estudar os sons da voz humana, examinando suas propriedades físicas independentemente do seu “papel linguístico de construir as formas da língua”. Sua unidade mínima de estudo é o som da fala, ou seja, o fone.

À fonologia cabe estudar as diferenças fônicas intencionais, distintivas, isto é, que se unem a diferenças de significação; estabelecer a relação entre os elementos de diferenciação e quais as condições em que se combinam uns com os outros para formar morfemas, palavras e frases. Sua unidade mínima de estudo é o som da língua, ou seja, o fonema.

A Fonética se diferencia da Fonologia por considerar os sons independentes das oposições paradigmáticas e combinações sintagmáticas. Observe no esquema:

A Fonética e a Fonologia são duas disciplinas interdependentes, uma vez que, para qualquer estudo de natureza fonológica, é imprescindível partir do conteúdo fonético, articulatório e/ou acústico, para determinar as unidades distintivas de cada língua. Desta forma, a Fonética e a Fonologia não são dicotômicas, pois a Fonética trata da substância da expressão, enquanto a Fonologia trata da forma da expressão, constituindo, as duas ciências, dentro de um mesmo plano de expressão.

Segundo Saussure, “a fonética é uma ciência histórica, que analisa acontecimentos, transformações e se move no tempo”. Já a fonologia se coloca fora do tempo, pois o mecanismo da articulação permanece estável de acordo com a estrutura da língua em questão.

Mesmo não sendo uma concepção contemporânea, foi Saussure quem primeiro fez a distinção entre as duas ciências, através do uso de suas dicotomias (Langue/Parole, Forma/Substância). Foi com componentes do Círculo Linguístico de Praga que a Fonologia passa a adquirir seu próprio objeto de estudo.

O termo ‘Fonética’ pode significar tanto o estudo de qualquer som produzido pelos seres humanos, quando o estudo da articulação, da acústica e da percepção dos sons utilizados em línguas específicas. No primeiro tipo de investigação, torna-se evidente a autonomia da Fonética em relação à Fonologia. No segundo tipo de investigação, porém, as relações entre as duas ciências se tornam patentes.


Gilson Vasco

Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática (XVI)


A Sintaxe é a parte da gramática que estuda a disposição das palavras na frase e a das frases no discurso, bem como a relação lógica das frases entre si. Ao emitir uma mensagem verbal, o emissor procura transmitir um significado completo e compreensível. Para isso, as palavras são relacionadas e combinadas entre si.  A Sintaxe é um instrumento essencial para o manuseio satisfatório das múltiplas possibilidades que existem para combinar palavras e orações. A Sintaxe é a parte da língua que estuda as relações dos componentes que integram uma oração. E também as combinações que as orações constituem entre si na formação dos períodos. Logo, a maneira pela qual se dá os ajustes das informações em orações ou períodos é a pretensão de estudo da Sintaxe. A palavra Sintaxe deriva do latim sintaxis que, por sua vez, tem origem num termo grego que significa “coordenar”. Trata-se da parte da gramática que ensina a coordenar e unir as palavras para formar as orações e expressar conceitos.  A Sintaxe é pertencente ao campo da linguística, estuda as regras que governam a combinatória de constituintes e a formação de unidades superiores a estes, como é o caso dos sintagmas e das orações.

De acordo com o filólogo e linguista norte-americano Leonard Bloomfield (1887-1949), a Sintaxe é o estudo de formas livres compostas completamente por formas livres. Esta noção é conhecida como estruturalista. As formas mais pequenas em que uma forma mais ampla se pode analisar são os seus constituintes sintáticos, isto é, uma palavra ou sequência de palavras que funciona em conjunto como uma unidade dentro da estrutura hierárquica de uma oração. O paradigma atual da ciência refere-se à gramática generativa, que se centra na análise da Sintaxe como constituinte primitivo e fundamental da linguagem natural. Por outro lado, convém destacar que a análise sintática de uma frase corresponde à procura do verbo conjugado dentro da oração, para estabelecer uma distinção entre o sintagma nominal (sujeito) e o sintagma verbal (predicado). Nesse sentido, uma vez localizado o verbo, pergunta-se quem realiza a ação. A resposta prende-se com o sujeito, ao passo que o resto se prende com o predicado.

Outros estudos da Sintaxe, além da análise sintática  dizem respeito à análise dos períodos simples e compostos, concordâncias nominal e verbal, regências nominal e verbal, além do estudo da pontuação e do fenômeno da crase. Esses últimos podem ser inseridos como objetos de discussão da Sintaxe porque ao ser utilizados exigem conhecimento das estruturas sintáticas, das combinações dos elementos na frase.

Dito mais claramente, a Sintaxe é a parte da Língua Portuguesa que trabalha com a disposição das palavras em uma frase e a lógica entre elas. Ela é muito importante para compreender a combinação de orações e palavras. Nos estudos gramaticais a Sintaxe é estudada por meio da análise sintática para analisar o sujeito, o predicado e os termos acessórios de uma oração.

Se fôssemos dizer muito da Sintaxe ficaríamos com essa discussão durante uns duzentos ou trezentos artigos, porém, como nossa intenção principal é somente clarear a divisão gramatical da Língua Portuguesa, iremos, portanto, realizar dois breves e sucintos tópicos da Sintaxe: a Sintaxe de concordância verbal e nominal.

A concordância de uma frase ocorre quando há determinada flexão entre dois termos e ela pode ser caracterizada como verbal ou nominal. É a responsável pela harmonia na construção de uma frase na língua portuguesa.

Dessa forma, na concordância verbal o verbo é flexionado para concordar com o número e a pessoa do seu sujeito. O verbo representa o subordinado e o sujeito o item subordinante. E a concordância nominal trabalha a relação de um substantivo com as palavras (adjetivos, particípios, artigos, pronomes adjetivos e numerais adjetivos) que o caracterizam.


Gilson Vasco

Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática (XV)


Creio que uma das melhores formas de definir as interjeições seja dizendo que elas são palavras que exprimem emoções, sensações, estados de espírito ou que são palavras invariáveis que exprimem emoções, sensações, estados de espírito, ou ainda palavras que procuram agir sobre o interlocutor, levando-o a adotar certo comportamento sem que, para isso, seja necessário fazer uso de estruturas linguísticas mais elaboradas. As interjeições são um recurso da linguagem afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira lógica, como são as sentenças da língua, mas sim a manifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente de uma situação particular, um momento ou um contexto específico. Pertencem a uma daquelas quatro classes invariáveis e seu significado fica dependente da forma como as mesmas são pronunciadas pelos interlocutores. Apesar de alguns gramáticos discordarem, argumentando que as interjeições se dão muito mais pela semântica da palavra do que pela forma, as interjeições ainda são consideradas uma classe gramatical. Sendo assim, por definição básica, as interjeições são palavras ou frases invariáveis que expressam emoções, sentimentos, sensações. Elas não possuem nenhuma relação sintática com o restante do período no qual se encontram, e podem ser compreendidas sozinhas, sem auxílio de nenhuma outra palavra ou frase. As interjeições mudam de sentido conforme o contexto em que se encontram, dando margem, portanto, para que qualquer palavra possa se tornar uma interjeição, dependendo do uso feito pelo falante.

Embora, muitos gramáticos tentam classificar as interjeições segundo os significados que elas apresentam, ou seja, semanticamente e não morfologicamente, ainda há muitos estudos e questionamentos quanto a essa classificação, haja vista que nas gramáticas tradicionais encontramos as interjeições fazendo parte de uma das dez classes morfológicas. Quase sempre as interjeições vêm acompanhadas de um ponto de exclamação, que pode ser combinado com outros sinais de pontuação. São geralmente consideradas “diferentes” das demais classes gramaticais, pelo fato de não assumirem função sintática, de terem uma difícil caracterização morfológica e de virem das mais diversas origens filológicas. A análise do discurso sugere analisarmos as interjeições segundo o contexto no qual se apresentam, mas há outros fatores como a entonação e a mímica, isto é, o gesto do falante, que podem alterar o significado da mesma. Dessa forma, consideram-se as interjeições como polissêmicas, ou seja, uma mesma interjeição pode possuir uma variação de sentido. O significado das interjeições está vinculado à maneira como elas são proferidas. Desse modo, o tom da fala é que dita o sentido que a expressão vai adquirir em cada contexto de enunciação. Geralmente as interjeições são a expressão das emoções do próprio interlocutor, sendo, portanto, bastante estudada também pela semântica e pela pragmática.

As interjeições podem ser de alegria, de estimulo, de aprovação, de desejo, de dor, de surpresa, de impaciência, de silêncio, de medo, de advertência, de concordância, de desaprovação, de incredulidade, de socorro, de afastamento e de cumprimento. Podem ser assim exemplificadas: Interjeições de alegria: Oh!, Ah!, Oba!, Viva!, Opa!; Interjeições de estímulo: Vamos!, Força!, Coragem!, Ânimo!, Adiante!; Interjeições de aprovação: Apoiado!, Boa!, Bravo!; Interjeições de desejo: Oh!, Tomara!, Oxalá!; Interjeições de dor: Ai!, Ui!, Ah!, Oh!; Interjeições de surpresa: Nossa!, Cruz!, Caramba!, Opa!, Virgem!, Vixe!; Interjeições de impaciência: Diabo!, Puxa!, Pô!, Raios!, Ora!; Interjeições de silêncio: Psiu!, Silêncio!; Interjeições de alívio Uf!, Ufa!, Ah!; Interjeições de medo: Credo!, Cruzes!, Uh!, Ui!; Interjeições de advertência: Cuidado!, Atenção!, Olha!, Alerta!, Sentido!; Interjeições de concordância: Claro!, Tá!, Hã-hã!; Interjeições de desaprovação: Credo!, Francamente!, Xi!, Chega!, Basta!, Ora!; Interjeições de incredulidade: Hum!, Epa!, Ora!, Qual!; Interjeições de socorro: Socorro!, Aqui!, Piedade!, Ajuda!; Interjeições de cumprimentos: Olá!, Alô!, Ei!, Tchau!, Adeus!; Interjeições de afastamento: Rua!; Xô!; Fora!; Passa!.

Gilson Vasco

Língua Portuguesa - Um estudo sobre a Gramática (XIV)


Conjunções são palavras utilizadas como elementos de ligação entre duas orações ou entre termos semelhantes de uma mesma oração, estabelecendo relações de coordenação ou de subordinação. São invariáveis, não sendo flexionadas em gênero e número. As conjunções classificam-se em conjunções coordenativas aditivas, adversativas, alternativas, conclusivas, explicativas, integrantes, adverbiais causais, adverbiais concessivas, adverbiais condicionais, adverbiais conformativas, adverbiais finais, adverbiais proporcionais, adverbiais temporais, adverbiais comparativas e adverbiais consecutivas.

As principais conjunções, então, podem ser assim descritas: conjunções coordenativas aditivas: e, nem, também, bem como, não só,... mas também; conjunções coordenativas adversativas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no entanto, não obstante; conjunções coordenativas alternativas: ou, ou...ou, já…já, ora...ora, quer...quer, seja...seja; conjunções coordenativas conclusivas: logo, pois, portanto, assim, por isso, por consequência, por conseguinte; conjunções coordenativas explicativas: que, porque, porquanto, pois, isto é; conjunções subordinativas integrantes: que, se; conjunções subordinativas adverbiais causais: porque, que, porquanto,  visto que, uma vez que, já que, pois que, como; conjunções subordinativas adverbiais concessivas: embora, conquanto, ainda que, mesmo que, se bem que, posto que; conjunções subordinativas adverbiais condicionais: se, caso, desde, salvo se, desde que, exceto se, contando que; conjunções subordinativas adverbiais conformativas: conforme, como, consoante, segundo; conjunções subordinativas adverbiais finais: a fim de que, para que, que; conjunções subordinativas adverbiais proporcionais: à proporção que, à medida que, ao passo que, quanto mais… mais,…; conjunções subordinativas adverbiais temporais: quando, enquanto, agora que, logo que, desde que, assim que, tanto que, apenas; conjunções subordinativas adverbiais comparativas: como, assim como, tal, qual, tanto como; conjunções subordinativas adverbiais consecutivas: que,  tanto que, tão que, tal que, tamanho que, de forma que, de modo que, de sorte que, de tal forma que.

Para uma melhor compreensão acerca das conjunções é bom dividi-las em apenas duas categorias, ou seja, as coordenativas e as subordinativas e colocá-las as demais existentes inseridas como subcategorias dessas duas principais, assim:

Fazem parte das conjunções coordenativas as aditivas, as adversativas, as alternativas, as conclusivas e as explicativas; e fazem parte das conjunções subordinativas as causais, as comparativas, as concessivas, as conformativas, as consecutivas, as finais, as proporcionais e as temporais.

Esmiuçando, aplicando, usando e exemplificando: as conjunções coordenativas aditivas como o próprio nome já sugere expressam a ideia de adição, de soma. Exemplo: Marcos foi ao cinema e ao teatro; as conjunções coordenativas adversativas expressam ideias contrárias, de oposição, de compensação. Exemplo: Tentei chegar na hora, porém me atrasei; as conjunções coordenativas alternativas expressam ideia de alternância. Exemplo: Ou você sai do telefone ou eu vendo o aparelho; as conjunções coordenativas conclusivas servem para dar conclusões às orações. Exemplo: Estudei muito por isso mereço passar; as conjunções coordenativas explicativas explicam, dão um motivo ou razão. Exemplo: É melhor colocar o casaco porque está fazendo muito frio lá fora. Já as conjunções subordinativas causais como a própria nomenclatura explicitam expressam uma causa. Exemplo: Ele não fez o trabalho porque não tem livro; as conjunções subordinativas comparativas expressam comparações entre duas ou mais coisas, objetos, pessoas, animais etc. Exemplo: Ela fala mais que um papagaio; as conjunções subordinativas concessivas indicam uma concessão, admitem uma contradição, um fato inesperado. Trazem em si uma ideia de “apesar de”. Exemplo: Embora estivesse cansada, fui ao shopping. (apesar de estar cansada); as conjunções subordinativas expressam uma ideia de acordo, concordância, conformidade.  Exemplo: Cada um colhe conforme semeia; as conjunções subordinativas consecutivas expressam uma ideia de consequência. Exemplo: Falou tanto que ficou rouco; as conjunções subordinativas finais expressam ideia de finalidade, objetivo. Exemplo: Todos trabalham para que possam sobreviver; as conjunções subordinativas proporcionais indicam proporções. Exemplo: À medida que as horas passavam, mais sono ele tinha; e as conjunções subordinativas temporais expressam tempo, geralmente fenômeno natural. Exemplo: Chegamos em casa assim que começou a chover.

Interessante também é saber que mal é conjunção subordinativa temporal quando equivale a "logo que". E que o conjunto de duas ou mais palavras com valor de conjunção chama-se locução conjuntiva. Exemplos: ainda que, se bem que, visto que, contanto que, à proporção que.

Bom também é termos cuidado para não confundirmos as conjunções subordinativas de causas e de consequências, embora, isso, às vezes, fica difícil diferenciá-las. Daí, um esquema, como macete que costumo usar em minhas aulas:

Se alguém fala: ”Correram tanto, que ficaram cansados”. Saiba que: “Que ficaram cansados” aconteceu depois deles terem corrido, logo é uma consequência.

Porém, se alguém fala: ”Ficaram cansados porque correram muito”. Isso implica que: “Porque correram muito” aconteceu antes deles ficarem cansados, logo é uma causa.


Gilson Vasco