Bem-vindo (a)

Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Adolescer violento


Não é de hoje que existe a violência, seus primeiros procedentes datam de períodos seculares. De acordo com dados bíblicos ela surgiu quando Caim matou seu irmão Abel e daí em diante só tem aumentado e, o que é pior, com uma enorme explosão constrangedora de casos cada vez mais absurdos. Cientificamente falando a violência surge no ato sexual, isto é, desde o princípio, uma vez que para estar vivo é preciso deixar milhões de irmãozinhos (espermatozoides) mortos no caminho, no ato da concepção, pois se assim não fosse não estaríamos vivos, selecionados entre milhões como o melhor e mais preparado (se é que existe preparo) para enfrentar esta vida. O que nem por isso nos torna violentos. Mas na conquista de espaço, no fazer respeitar, a violência se opõe à diplomacia e com isso, o indivíduo que consegue controlar seus impulsos são cidadãos pacificadores, do contrário são violentos e através da repressão, seja no seio familiar, nas ruas ou em qualquer lugar são punidos violentamente, severamente.

Todos os dias são veiculadas na mídia inúmeras manchetes sobre atos infracionais de adolescentes ou mesmo crimes de adultos contra as nossas crianças e jovens.

Discute-se demasiadamente a questão da redução da maioridade penal de dezoito para dezesseis anos como estratégia de diminuir a criminalidade e para isso defende que o adolescente que já sabe votar possui consciência plena para ser responsável pelos seus atos. Defendo a ideia de que um jovem com dezesseis anos tenha sabedoria para discernir o bom do ruim ou o certo do errado, mas repudio a ideia da redução da maioridade penal, pois não são poucos aqueles de idade avançada e ainda assim nem aprenderam sequer a votar. Esse discurso desnecessário de redução penal é, na verdade, uma forma, na qual aqueles que se acham dono do poder encontrou para tentar camuflar a problemática em que a sociedade brasileira estar sucumbida.

O que devia ser prática ou pelo menos estar em pauta era a discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação dos jovens para a vida em sociedade, não se discute sequer o papel da sociedade perante a formação das crianças. Muitos filósofos, dentre eles Aristóteles já nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao contrário: Enquanto a família, base que devia contribuir com a formação consciente dos indivíduos, submete a criança e adolescente a uma espécie de violência psicológica e física a sociedade os provoca a ser o que são. Estigmatizados descobrem nas drogas e, posteriormente, na violência uma suposta solução para seus conflitos, rancores e penares.

A própria mídia, veículo capaz de informar e formar opiniões parece ignorar uma realidade desestruturadora da sociedade por aproveitar do momento desolador e esquece a razão, ou seja, está mais preocupado em divulgar fatos trágicos do que contribuir para a redução do extermínio infantil.

Temos que começar a pensar o modelo de sociedade que queremos para nós e para as gerações futuras, e queremos uma sociedade justa onde nossas crianças serão educadas no seio familiar, pois se continuar dessa forma, a violência vai aumentar cada vez mais. Cada dia que se passa a situação vai ficar mais caótica, a vida será sempre um risco e, viver ou morrer, vai depender mais da sorte do que da segurança que o Estado diz oferecer. Deve ser no seio familiar, na igreja e na escola a preparação para nossas crianças de hoje se tornarem verdadeiros adultos amanhã. A criança violentada hoje é, sem nenhuma dúvida, o adulto que baterá amanhã.

Gilson Vasco

Escritor

Panfleto


Vou passando pelas calçadas e o agente publicitário lança em minha mão um papel para mim. Cada passo, cada movimento um novo papel enfim. Não tenho tempo de dizer não, nem ele espera eu dizer sim. Vida na cidade grande é assim: passa muito veloz e a concorrência não se cansa, nem dança.

Panfleto, enredo de propaganda, convence adulto e criança. E nessa história da propaganda ser a alma do negócio eu já nem consigo ficar de mãos vazias, todos os dias e todas as horas é sempre assim: “Olha o preço baixo!”, “Conserta-se: sapatos, panelas e vasos!”. Que absurdo! “Nossa igreja é ali!”, “Boate ao lado!”, “Venham se divertir!”.

E vou enchendo as mãos, os bolsos, panfleto dos pés ao pescoço e dinheiro longe de mim. Meus passos tapeiam o tempo. “Olha meu rapaz, compre carros aqui”. Ignoro o entregador, que quer ser doutor. Não posso agir assim! Papel no bolso, papel no chão... “Entra aqui meu irmão!”, “Venha conferir!”. Papel na mão, papel no calçadão, nem chama mais a atenção, tenho que ir...

Panfleto, poluição visual, sujeira ambiental, papel ao vento, ao relento, no ônibus, no assento não é documento, é tentativa do aumento do ganha-pão. Receba o panfleto do entregador, pedestre, doutor, pois ele está prestes a ser mais um desempregado, escuta o recado, preste-lhe atenção. Na próxima esquina, de olho nele está seu patrão, sem panfleto na mão.

Panfleto, papel informativo: “Tome aqui aperitivo!”, “Pague só o mês que vem!”, “A vista é cinquenta!”, “A prazo é cem!”, “Não tem inflação!”, “Aproveite meu irmão!”.

“Está desempregado?”, “Ganhe dinheiro fácil trabalhando comigo”.

Panfleto, “Obrigado bacana!” “Aqui você não se engana!”, “Aqui é você quem manda!”. “Fazem-se panfletos!”.
Gilson Vasco
Escritor

Nenhuma mulata na terra do Redentor


Recentemente recebi uma prazerosa missão de acompanhar um grupo de universitários à cidade maravilhosa. Embora eu estivesse muito atarefado aquela incumbência seria um colírio para os meus olhos, um transbordar de alma lavada e um mergulho no mar da cura do estresse.

Ir à Cidade Maravilhosa, andar sobre a Rio Niterói, contemplando a Baía de Guanabara, ver de perto o Corcovado, perambular pelo Jardim Botânico, assistir a uma partida de futebol do time favorito no Maracanã, visitar o Cristo Redentor são sonhos de muitos e realização de poucos.

Fiz tudo isso e achei uma maravilha, aliás, ver o Cristo foi a sétima maravilha! Tudo estava muito bem e muita coisa eu esperava ainda, pois eu estava na Cidade dos Quarenta Graus. Ansioso armei acampamento no calçadão de Copacabana e de famoso só tinha eu que mesmo assim não fui visto por ninguém. Continuei entusiasmado e mudei para a Praia de Ipanema, mas a Garota que vem e que passa não apareceu. Seguir para a Praia do Leblon e, com muita paciência, conseguir atravessar a faixa de pedestres, mas o tempo fechou... Então, me sentei sobre a Pedra do Arpoador e contemplei a natureza. Lá, sob o pôr do sol, eu tentei escrever um poema que falasse de amor, mas a Mulata Carioca dos meus sonhos não apareceu.

Não fiquei muito triste porque levei comigo uma divina do corpo dourado e a grana que paguei para visitar os pontos turísticos da Cidade Maravilhosa foi uma merreca para um desempregado feito eu: trinta ali, quarenta acolá, sessenta para almoçar, setenta para lanchar... E daí? O importante é que tudo era lindo e cheio de graça.

Gilson Vasco
Escritor


A difícil arte de se comunicar


- Trimmmmm... Trimmmmm... Trimmmmm...

- Alô!

- Oi amor, sou eu!

- Como você reconheceu a minha voz?!

- E quem não conhece a voz de um grande amor?

- Grande amor... Você é tão linda!

- Você também é muito lindo, meu amorzão!

- Nossa! Querida como está agudo o tom da sua voz!

- Sua voz também está linda! Queria tanto poder te abraçar e te beijar neste instante! Mas você está tão longe!

- Com todo o respeito, eu gosto muito de você.

- Eu também te amo meu grande e inesquecível amor. Meu pirulitinho!

- Você é sempre brincalhona não é? Maravilhosa!

- E você é sempre gentil. Meu gostosão!

- Você é tudo: é amiga, meiga, gentil...

- Ah, como você é educado. É por isso que sempre eu vou te amar!

- Sabe, querida, eu nunca vou me esquecer de você. Desse seu jeito amoroso com todo mundo, sua delicadeza, compreensão e simpatia.

- Ahi, meu amor, você é tão elegante e gosta tanto de me elogiar. Eu te amo tanto, estou com tanta saudade de você, meu amor!

- Eu também estou com muita saudade de você, mas não posso ir agora tenho que ficar por aqui ainda uns cinco meses!

- Ora, amor, você não disse que voltaria amanhã?

- Eu?

- Que está acontecendo? Você jurou mais de mil vezes!

- Você se enganou, minha amigona, eu não falei isso não!

- Claro que você prometeu. E como se explica o fato de você ter deixado todas as suas coisas aqui?

- Foi engano seu. Deixei bem claro que só poderia voltar quando a minha esposa ganhasse neném.

- Esposa? Seu cafajeste! Seu filho duma figa! Você nunca me disse que tinha outra. E agora ainda vem filho!

- Você deve ter se esquecido, eu sempre lhe falei dos meus filhos...

- Filhos? Então não é só um?!

- Três...

- Mentiu todo o tempo! Não gosta mais de mim?

- Nunca menti para você. Claro que eu gosto muito de você.

- Se gosta, porque então está me traindo com outra?

- Como assim lhe traindo com outra?

- Quer saber de uma, amorzinho?

- Fale...

- Nunca mais olho na tua cara nojenta, seu safado, mentiroso, traidor!!!

- Olha, querida, você esta muito nervosa, nem parece aquela minha amiga de antes, aguarde só mais um instante que eu vou passar o telefone para o seu namorado, pois ele acabou de chegar tchau...

- Alô meu docinho caramelizado...

- Tum... Tum... Tum...
Gilson Vasco
Escritor


O espertalhão



Era uma vez um menino triste meio alegre, magro barrigudinho, baixo feito tamborete de forró, cabeça achatada estilo coité, cabelo da cor de burro quando foge, de olhar de cachorro quando cai da mudança e com chinelos da cor do farinheiro de Nossa Senhora do sertão baiano, conhecido e respeitado por toda a região. Mas ele não era conhecido pelas características físicas, mas sim pelo fato de ser do tipo que perdia um amigo, mas nunca perdia a piada.
Certa vez um forasteiro ficou sabendo das artimanhas do moleque e resolveu tirar uma com a sua cara. Foi procurá-lo e, como se estive com sorte, nada demorou para encontrá-lo. Na suadeira danada do meio-dia o menino estava sentado numa pedra, à beira da estrada camuflada pela poeira imaginando bobagem quando de repente passou o marmanjo a cavalo, parou ansioso para interrogá-lo:
- Ahahahahaha! O que você está fazendo debaixo desse sol tinindo de quente menino?
- Antes quase nada, mas agora estou respondendo um nada sabe!
- Ahahahahaha! Deixa de piadinha menino, onde você mora, hein?
- Em minha casa, ora! Onde mais poderia ser?
- Ahahahahaha! E onde é a sua casa?
- Lá onde foi construída...
- Você só sabe encher o saco, né? Quem é o seu pai?
- É o marido da minha mãe.
- Ahahahahaha! E quem é a sua mãe?
- É a esposa do meu pai, obviamente.
- Ahahahahaha! Isso eu já sabia... Oh, trapalhão.
- Já? E para que perguntou?
- Ahahahahaha! Gosto de ficar informado.
- Por acaso o senhor sabe porque o bode defeca umas bolotinhas pretas?
- Não, meu filho, isso não...
- Não estou dizendo, o senhor não entende nem de merda.
- Não estou achando graça nenhuma...
- É... E nem vai achar, pois as pessoas aqui não perderam nenhuma piada.
- Oh, menino, deixa de brincadeira, saindo daqui aonde eu vou dá?
- Hein, quero dizer: onde o senhor quiser uai... Isso não é problema meu. Tampouco vai doer em mim!
- Ahahahahaha! Estou perguntando onde fica a próxima cidade, danadinho!
- O senhor não explicou, fica um pouquinho antes da segunda.
- Se você não me responde nada sério, como eu vou chegar lá?
- Tchau seu moço...
- Uai, porque tchau?
- Porque agora mesmo eu vou lhe responder...
- Ahahahahaha! Eu sabia que você ia me responder de modo sério! Como?
- Ora, como um bobo que não consegue tirar uma nem com a cara de uma criança pouco vivida. Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha...
Ao som das gargalhadas do guri o forasteiro retornou à sua terra bufando de raiva e nunca mais voltou à região do menino espertalhão.

Gilson Vasco
Escritor


Somos todos iguais


Todo o tempo tenho observado o sofrimento e a angústia do povo brasileiro, povo que luta e sofre para sobreviver. Vai ano, vem ano e a situação é cada vez mais caótica. A cada nova eleição alguns meios de comunicação procuram fazer o candidato dos ricos para governar o País onde a maioria da população é composta por pobres. Este, por sua vez, promete o céu, a terra, a lua, o sol, as estrelas e o mundo. E o povo, sempre manipulados por esses meios comunicativos, o elege. Mas nada do que foi prometido, se realiza e, novamente, o povo é enganado, pisoteado, desrespeitado, ignorado, massacrado, lançado ao abismo e recebe o inferno como brinde pelo voto. O povo não quer tanto, só quer saúde, lazer, respeito, dignidade, trabalho, educação, moradia, boa qualidade de vida, realização, mudança e esperança.

Cansado de sofrer e ser enganado, nas últimas eleições o povo vem ignorando aqueles meios de comunicação manipuladores e votando na mudança. O atual governo é a esperança do povo brasileiro, uma vez que os seus projetos e idéias atingem os interesses populares e levam as pessoas a sonhar, a acreditar e a esperar por um país melhor! É certo que parece que ele nunca vai chegar, mas o importante é esperar. Esse retirante nordestino e ex-metalúrgico de pouca escolaridade é o governo que o povo realmente queria.

Existem alguns apresentadores de programas de rádio e de televisão que só porque nas duas últimas tentativas não conseguiram eleger o candidato dos ricos, invés de ajudar o candidato dos pobres preferem criticá-lo dizendo que o povo precisa é de emprego e não de comida. O povo precisa sim de emprego, de preferência um emprego no qual não se faz nada e recebe uma boa grana no fim do mês, mas ninguém consegue trabalhar de barriga vazia. Esses apresentadores são lideres em audiência graças ao povo que em sua maioria elegeu o atual governo e, por isso, merece respeito, ora onde já se viu ir contra a opinião popular, criticar o candidato do povo?! Deviam falar e mostrar a verdade, mostrar a cara do País como o governo sociólogo o deixou. Com sua política de privatizações vendeu o Brasil, elevou as dividas interna e externa em centenas de vezes, alçando-as praticamente ao Produto Interno Bruto do Brasil, a taxa de desemprego passou a ser considerada uma das maiores do mundo, a pobreza foi acentuada, os índices de criminalidades ultrapassaram até as situações de guerra e o Brasil no final do seu mandato passou a ser considerado o País mais violento do mundo.

O atual governo sim, ele é bonzinho, diferente do atleta, do fazedor de fusca e do sociólogo. Criou o Estatuto do Idoso, o Programa Luz Para Todos, o Fome Zero e um emaranhado de benfeitorias. Tão complacente e justo que empregou todo mundo e os velhinhos que já não agüentavam mais trabalhar foram se cadastrarem, assim eles matariam dois coelhos com uma paulada só: provariam que não estavam mortos e ainda ganharia um dinheirinho de graça, sim de graça, pois velho não agüenta trabalhar. E a fome, meu Deus? Nós brasileiros passávamos fome! Agora não, agora temos o Fome Zero! E não é só isso, ora, pois, o governo é um bom pagador. Imaginem que somente em janeiro deste ano foram mais de seis milhões de horas extras pagas à vista para os pobres trabalhadores dos órgãos públicos de Brasília! Isso é que é ser honesto. Isso é que é ter dinheiro. Ah, está até emprestando para os estrangeiros, já que não passamos mais fome, nem precisamos de dinheiro temos mesmo é que emprestar!

Agora somos todos iguais e para mostrar que o governo é um defensor das causas nobres enviou uma força de Paz para um país que vivia em guerrilha, nem precisava, fez por bondade natural, pois todo o mundo já sabe mesmo que em nossa casa não existe mais violência e que até mesmo nas favelas (eu disse favelas?) a paz passou a reinar.
Gilson Vasco
Escritor