Não é de hoje que existe a violência, seus primeiros
procedentes datam de períodos seculares. De acordo com dados bíblicos ela
surgiu quando Caim matou seu irmão Abel e daí em diante só tem aumentado e, o
que é pior, com uma enorme explosão constrangedora de casos cada vez mais
absurdos. Cientificamente falando a violência surge no ato sexual, isto é,
desde o princípio, uma vez que para estar vivo é preciso deixar milhões de
irmãozinhos (espermatozoides) mortos no caminho, no ato da concepção, pois se
assim não fosse não estaríamos vivos, selecionados entre milhões como o melhor
e mais preparado (se é que existe preparo) para enfrentar esta vida. O que nem
por isso nos torna violentos. Mas na conquista de espaço, no fazer respeitar, a
violência se opõe à diplomacia e com isso, o indivíduo que consegue controlar
seus impulsos são cidadãos pacificadores, do contrário são violentos e através
da repressão, seja no seio familiar, nas ruas ou em qualquer lugar são punidos
violentamente, severamente.
Todos os dias são veiculadas na mídia inúmeras manchetes
sobre atos infracionais de adolescentes ou mesmo crimes de adultos contra as
nossas crianças e jovens.
Discute-se demasiadamente a questão da redução da
maioridade penal de dezoito para dezesseis anos como estratégia de diminuir a
criminalidade e para isso defende que o adolescente que já sabe votar possui
consciência plena para ser responsável pelos seus atos. Defendo a ideia de que
um jovem com dezesseis anos tenha sabedoria para discernir o bom do ruim ou o
certo do errado, mas repudio a ideia da redução da maioridade penal, pois não
são poucos aqueles de idade avançada e ainda assim nem aprenderam sequer a
votar. Esse discurso desnecessário de redução penal é, na verdade, uma forma,
na qual aqueles que se acham dono do poder encontrou para tentar camuflar a
problemática em que a sociedade brasileira estar sucumbida.
O que devia ser prática ou pelo menos estar em pauta era a
discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação dos
jovens para a vida em sociedade, não se discute sequer o papel da sociedade
perante a formação das crianças. Muitos filósofos, dentre eles Aristóteles já
nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que
futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao
contrário: Enquanto a família, base que devia contribuir com a formação
consciente dos indivíduos, submete a criança e adolescente a uma espécie de
violência psicológica e física a sociedade os provoca a ser o que são.
Estigmatizados descobrem nas drogas e, posteriormente, na violência uma suposta
solução para seus conflitos, rancores e penares.
A própria mídia, veículo capaz de informar e formar
opiniões parece ignorar uma realidade desestruturadora da sociedade por
aproveitar do momento desolador e esquece a razão, ou seja, está mais
preocupado em divulgar fatos trágicos do que contribuir para a redução do
extermínio infantil.
Temos que começar a pensar o modelo de sociedade que
queremos para nós e para as gerações futuras, e queremos uma sociedade justa
onde nossas crianças serão educadas no seio familiar, pois se continuar dessa
forma, a violência vai aumentar cada vez mais. Cada dia que se passa a situação
vai ficar mais caótica, a vida será sempre um risco e, viver ou morrer, vai
depender mais da sorte do que da segurança que o Estado diz oferecer. Deve ser
no seio familiar, na igreja e na escola a preparação para nossas crianças de
hoje se tornarem verdadeiros adultos amanhã. A criança violentada hoje é, sem
nenhuma dúvida, o adulto que baterá amanhã.
Gilson Vasco
Escritor