Sobre Pai sem filho
Entre outros questionamentos que muitos fazem quando estão diante de uma
obra dessa natureza é se os fatos nela contidos são realmente verdadeiros.
Todas as vezes em que sou instigado sobre
esse interesse procuro ser o mais óbvio possível, de forma que quando escrevo
eu escrevo com a alma, deixo falar o coração e dou vazão aos meus sentimentos,
sem perder a razão.
Entendo que uma obra literária somente pertence ao seu real criador enquanto
ela está camuflada em uma gaveta. Depois que a obra foi levada ao conhecimento
do público seu criador não mais é dono dela, mas sim, um mero apreciador, isto
é, o autor pode ser dono do seu texto somente quando escreve e ainda não o
tornou público, depois da sua publicidade ele pertence aos leitores, que lhe
atribuem variadas leituras e constroem inúmeras imagens a partir daquela
apreciação. Daí o meu entendimento de que não compete ao autor, e sim ao
apreciador, a função de decidir se uma história literária é ou não verdadeira.
Parece que não tem muita importância o fato de uma história ser ou não
verdadeira. A importância maior está em o leitor tirar lições daquilo que leu.
O que diferencia a História da Literatura é que aquela conta os fatos como eles
aconteceram (a partir da visão do conquistador) e esta apenas sugerem, porém
sabemos que através da Literatura também conhecemos a cultura da humanidade.
Gilson Vasco