Bem-vindo (a)

Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Catolicismo e a perda de fiéis


De quem é a culpa?

 Nos últimos dias a imprensa goiana tem divulgado muitas matérias sobre o afastamento do padre Luiz Augusto. Duas vertentes têm sido polemizadas. Uma trata-se da falta de explicação por parte da Arquidiocese de Goiânia em relação ao motivo do afastamento do padre Luiz Augusto da Paróquia Sagrada Família e, posterior proibição de o padre exercer suas funções como celebrar missas, batizados e casamentos. A outra versa em torno da vontade do povo, isto é, comovidos, os fiéis alegam que seu direito de escolha para com aquele pároco não está sendo respeitado.

Creio que o padre não cometeu nenhuma infração que vai contra os costumes e regras sociais, pois caso tivesse cometido algo ilegal, os fiéis seriam os primeiros a retrucar contra o suposto feitor, afinal, não há termômetro mais lógico para julgar atos antissociais do que o próprio povo. Também estamos convencidos de que o Arcebispo de Goiânia, Dom Washington Cruz, personalidade que muito respeito, não só pela sua tolerância, prudência e competência, mas acima de tudo, por ser verdadeiramente um homem temente a Deus e imparcial para com o seu povo.

Indivíduos ligados a Igreja Católica confirmam que não é de agora a desavença entre o arcebispo e o pároco, e que em outros tempos já aconteceu algo semelhante chegando a afetar a comunidade católica local.

Não tenho dúvidas de que logo, logo essa situação será resolvida e tudo voltará a ser como antes na comunidade, pois o que deve prevalecer acima de tudo é a vontade dos fiéis. Não é esse o maior problema que denigre a imagem da Igreja Católica. Claro, não sejamos hipócritas, tubulações isoladas como essa também arranha a imagem da Igreja Católica e contribuem com o declínio do catolicismo, ao ponto de a Instituição perder inúmeros fiéis como vem acontecendo. Mas o que muito denigre a imagem da Igreja Católica, na atualidade, é realmente a falta de punição em relação aos padres que cometem abusos sexuais contra indefesos.

 A Instituição tem pecado muito nesse sentido, pois quando acontece um ato de pedofilia envolvendo um padre, a Igreja prefere transferir para outro lugar o acusado, a puni-lo.

Em todo o mundo, a Igreja Católica, a cada dia, perdem mais fiéis, os adeptos estão migrando para outros seguimentos religiosos, motivados por injustiças cometidas por dirigentes que estão à frente da Igreja.

Não basta a Igreja Católica somente curvar diante da humanidade e pedir perdão pelos escandalosos crimes sexuais envolvendo padres ou qualquer outro membro. É preciso fazer muito mais que isso. Para restabelecer sua credibilidade e reconquistar os fiéis a Igreja Católica precisa ir um pouco mais além do clamor teórico pela justiça, precisa praticá-la. E uma das melhores formas de fazer isso é punindo os criminosos da pedofilia que se dizem padres. Não queremos que os excomunguem como já fez com muitos inocentes em outros tempos ou que os queimem na fogueira do inferno, o pedido da sociedade para com esses é mais simples: apenas os expulsem da Instituição e os entreguem à justiça, pois se assim feito, a Instituição vai tirar das costas o peso da acusação de injusta. Deixa que a própria justiça carregue esse peso, caso não cumpra a sua função de julgar ou condenar. Já está passando da hora de a Igreja Católica se empenhar na tarefa de resgatar seus fiéis. 

 Gilson Vasco
Escritor


Educação, Arte e Cultura levadas a sério


 Recentemente saí de minha moradia em Goiânia e percorri mais de mil quilômetros de distância para atender a um convite, marcar presença na I Mostra de Arte e Cultura realizada por uma escola de Ensino Fundamental, chamada Carlos Drummond de Andrade, com o tema Amor à nossa Terra: Resgatando a Cultura wanderleense, que aconteceu no início da noite de 10 de novembro, na cidade de Wanderley, no oeste baiano, minha terra natal. Durante a realização do evento, por diversas vezes, senti um rio de lágrimas brotar dos meus olhos e transbordar, deixando meu rosto todo inundado de felicidades.

Com um alto grau fidedigno ao tema proposto, não precisou sequer uma hora para que os talentosos alunos da 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental, da Escola Carlos Drummond de Andrade fizessem o público presente, formado em sua maioria, pelos pais e outros convidados a se derreterem em lágrimas. Os discentes, orientados pelos docentes mostraram para a sociedade wanderleense um apanhado de toda a cultura do município.

Em forma de teatro, músicas, danças, declamações de poesias, indumentárias a caráter e manuseios de instrumentos musicais, os alunos, com toda a garra, apresentaram aos presentes o contexto histórico, social, cultural, religioso, geográfico, político e literário da cidade de Wanderley.

Além do município, o grande homenageado da noite fui eu que, apesar de não saber se sou merecedor de tantas considerações, fui lembrado durante quatro vezes na noite, pela turma da 7ª série: a primeira quando dois pré-adolescentes, um se passando por repórter e o outro interpretando a minha pessoa, falaram sobre minhas obras literárias, meus desejos, costumes e medos; a segunda, por uma aluna que contou de modo resumido a história contida no meu livro A fuga para o Bosque Enlevado; a terceira quando fui presenteado com exemplar de poesias feitas por eles; a quarta e também emocionante homenagem recebi quando todos os alunos vestidos camisetas com o desenho do meu mais novo livro, O mistério do Riacho Tijucuçu convidaram-me para que eu comparecesse ao palco e me colocasse ao lado deles. Outras pessoas também foram homenageadas pelos alunos da 7ª e de outras séries também.

Toda a sociedade wanderleense aprovou a iniciativa da escola e parabenizaram o corpo docente e o corpo discente da instituição dizendo que aquilo era um exemplo de educação, arte e cultura levadas a sério.

Tem razão a sociedade wanderleense. Uma educação levada a sério precisa agregar valores culturais e artísticos, pois somente é conhecedor de sua própria história aquele que tem suas raízes fincadas no chão. E para ter raízes fortes precisa situar-se no presente, olhar para o futuro sem esquecer o passado, suas origens, enfim, sua história.

Quando uma instituição educadora, além de cumprir sua função de educar, preocupa em resgatar os valores sociais e culturais, sabe exatamente como e para onde conduzir seus alunos. Não há resquício de dúvida, o caminho é o sucesso, uma vez que a educação não é somente para o mercado de trabalho, vai muito mais além, a educação é para a vida.
Claro que tudo isso não depende somente da escola, mas também do apoio da família do estudante e do próprio educando, pois não se pode atribuir toda a tarefa de educar a cargo e responsabilidade da escola.

O que pude perceber naqueles discentes é que eles não são meramente alunos, são na sua essência, alunos-estudantes e, por isso, são superiores ao tempo. O que eles apresentaram na I Mostra de Arte e Cultura, não foi simplesmente uma mostra de arte e cultura. Ao demonstrar a preocupação com o meio ambiente, interesse em defender a classe menos favorecida e cobrar agilidade das autoridades daquele município, eles foram ousados, riscaram o dedo no rosto de muitas autoridades que, engajadas na corrupção, ignoram a dor do próximo, foi um tapa na cara de certas autoridades parlamentares que não cumprem as suas funções para as quais foram eleitas.

O que muito chamou a minha atenção é que apesar de a escola ser particular e ser uma escola simples, está sempre aberta à sociedade. Uma escola que, diferentemente de muitas outras escolas particulares, não possuem recursos suficientes para a expansão física, mas carrega como principal função, a garantia de um ensino sério e de qualidade.

Quisera eu que todo o ensino wanderleense fosse assim e que o poder público respeitasse os artistas da terra como vem fazendo a Escola Carlos Drummond de Andrade. Digo isso de modo consciente, pois não há ninguém melhor para falar sobre o seu lar do que aqueles que precisaram ir buscar alternativas de sobrevivência fora do seu município, deixando para trás toda uma história de vida, por falta de apoio e de incentivo à Educação, Cultura, Lazer, Arte etc.

Gilson Vasco
Escritor