Obra autobiográfica do autor
Em comemoração ao seu décimo livro publicado, o escritor Gilson Vasco apresenta ao leitor Alma de escritor – Essência do meu ser. Obra que traz à tona um pouco da alma deste escritor, sua formação acadêmica, criação literária, gosto do autor pela leitura e, sem nenhuma pretensão audaciosa de querer tentar ensinar alguém a escrever, pontua alguns artifícios sobre a escrita.
Trecho do texto da obra
Viva! Cheguei ao meu
décimo livro publicado. Trago nesta nova obra uma tentativa de mostrar um
pouco da minha alma de escritor, formação acadêmica e da minha criação
literária. Aproveito a oportunidade também para falar do meu gosto pela leitura
e, por que não, elucidar alguns artifícios sobre a escrita.
Sei que alguns
leitores e críticos irão considerá-la uma espécie de autobiografia — e não
estarão errados não —, mas prefiro preveni-los de que, o que se segue, não é um
manual do escritor. Não há nenhum manual que torna alguém escritor. São apenas
algumas lembranças coerentes da minha adolescência e juventude, e alguns
vislumbres da minha infância, porque os dias da minha infância se perdem a algo
muito ocasional, semelhantes a poucas agulhas lançadas num palheiro gigante e
um míope posto forçado a procurá-las.
Penso que minhas
lembranças somente começaram a povoar e fazer moradia em meu cérebro após os
sete ou oito anos da minha existência — embora eu queira estar errado. O que
sei de antes é tudo muito vago. Por isso, disse que esta obra não é
necessariamente uma autobiografia. Está mais para uma espécie de demonstrativo
de como fui, aos poucos, me tornando um escritor. Sim, fui me formando um
escritor. Não me fiz escritor, me tornei um escritor.
Concordo plenamente
com aqueles que acreditam que escritores não possam ser feitos. É por
acreditar que muitas pessoas têm pelo menos algum talento para escrever ou
contar histórias que creio que compete a cada um decidir afiar ou não esse
talento. O meu foi — e continua sendo — aguçado cotidianamente. Ora, não fosse
assim, que graça teria escrever um livro como este? Seria, no mínimo, perda de
tempo.
Nada do que digo aqui
parece ser — e realmente não é — novidade. Se houver alguma inovação é a
maneira de dizer aquilo que digo em todos os lugares, oral ou escrito. Já
disse, em outra introdução, de outra obra, que quando meus pais, irmãos e eu
morávamos em um sítio, era comum, durante as noites, nos reunirmos, à beira de
uma fogueira, e papai e mamãe nos contar histórias das mais variadas temáticas.
As histórias de crendices populares, narradas por mamãe, eram — continuam sendo
e acho que serão para o resto da minha vida — as minhas favoritas.
Assim que passei a
frequentar a escola, quando precisava fazer uma redação para a professora era a
essas histórias, contadas por mamãe, que eu recorria, mudando uma coisa ali,
outra acolá, até chegar às histórias e lendas inéditas, surgidas das profundezas do meu inconsciente.
Creio que cada ser em si é
uma pequena porção de tudo aquilo que vai encontrando durante o caminhar. E foi
o que aconteceu comigo. Quando me percebi eu era escritor. Minha essência é o
delinear, o escrever. Repito: não há nenhum manual que torna alguém escritor,
não se torna escritor da noite para o dia, não há varinha de condão para isso.
Tudo necessita de treino, talento, dedicação e Fé — eu ia dizer sorte, mas quem
tem Fé não precisa de sorte.
Prefácio