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Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

domingo, 27 de novembro de 2022

O mistério do riacho Tijucuçu

 

O mistério do riacho Tijucuçu é um conto infanto-juvenil bairrista, “obra intrigante, instigante, e audaciosa. Simbiose perfeita entre a ficção e a vida de um povo. Reflexo dos sonhos, da coragem e do amor do seu autor pelas letras e pela sua terra”, como disse, certa vez Diones Machado, escritor, engenheiro e conterrâneo do autor.

Ou como revelou Bruna Eugênia, autora do romance Entre Linhas...:

 

Conheci Gilson Vasco através de seus trabalhos publicados na coluna de artigos do site baianada.com e ficava admirada com tamanha qualidade de escrita. Li algumas prévias de um trabalho histórico que ele desenvolveu sobre nosso “mágico pedaço de chão”, ouvi falar muito bem de sua obra “A fuga para o bosque enlevado” e tinha certeza que aquele brilhante autor estava só começando. Certa vez recebi seu contato informando que estava fazendo análises em meus textos. Confesso que nesse dia eu consegui detestar esse escritor, afinal, que diabos uma criatura que escrevia tão bem queria com meus trabalhos?! Mas foi com essa bendita crítica (Fragmentos da Literatura Wanderleense) que me tornei uma verdadeira fã dos escritos desse baiano que, desafiou as dificuldades, quebrou barreiras e ultrapassou fronteiras em busca de seus sonhos.

Agora Gilson Vasco nos presenteia com mais uma preciosidade, uma narrativa incrível, um misto de cultura popular com estudos históricos e científicos. Em “O Mistério do riacho Tijucuçu”, esse autor bairrista mostra o amadurecimento de seu trabalho provando que a Literatura é a arte que abarca todas as riquezas dos povos. Nessa obra ele transforma os “causos canabravenses” em uma narrativa de vida real, em que as crendices são explicações para as verdades e mostra ao leitor o que nem os maiores estudos sociológicos têm sido capazes de abordar: as razões das manifestações culturais daquele povo bonito, daquele povo sofrido da terra que sangra alegria.

 

E disseram bem. Disseram porque O mistério do riacho Tijucuçu realmente é isso: a história do menino que desapareceu após ser excomungado pela mãe.

No contexto comum da literatura, conta a lenda que depois de ter sido amaldiçoado e ganhado o caminho do inferno, juntamente com uma vaca, vez por outra, a criatura aparecia de maneira amistosa implorando pelo perdão daquela que o amaldiçoou.

Porém, contadores de causos mais elusivos, da região onde o fato teria supostamente acontecido, garantem que a história é verdadeira e chegam a ornamentar detalhes do mito, temperando com pitadas de superstições para as aparições do garotinho. Atribuem à madrinha os arcabouços rítmicos — rituais — que deveriam ser realizados para que a criança aparecesse.

Outros floreiam ainda mais o fato garantindo ter escutado da própria mãe do garoto e de parentes próximos, a versão da história. Dizem que o garoto só retornaria com a morte da genitora. Relatam que no dia do enterro da mãe do garotinho, toda a cidade interiorana compareceu ao velório para saber se o menino apareceria. Alimentam a crença de que, coincidentemente ou não, nos momentos finais do enterro, aparecera uma enorme cobra no túmulo da falecida! Todos disseram que era o menino amaldiçoado que apareceu para ver a mãe morta, em forma de uma jararaca.

Para o autor wanderleense, que atualmente mora na capital goiana — e, na época das pesquisas para a obra, esteve visitando a cidade para colher as informações com maior precisão —, o sumiço da criança pode ser atribuído a uma forte enxurrada, uma vez que relatos de tradicionais wanderleenses mapeiam fortes chuvas no dia do suposto acontecimento. Desse modo, o garoto pode ter caído e levado pela enxurrada na travessia do riacho.

Por outro lado, Gilson Vasco tem dito em suas palestras e entrevistas:

 

Quando escrevo, escrevo com a alma, deixo falar o coração e dou vazão aos meus sentimentos, sem perder a razão, mas diante de uma obra dessa natureza, cabem apenas os leitores decidirem se os fatos nela contidos são realmente verdadeiros. Entendo que uma obra literária somente pertence ao seu real criador enquanto ela está camuflada em uma gaveta. Depois que a obra é levada ao conhecimento do público, seu criador — antes escritor e agora autor — não mais é dono dela, mas sim, um mero apreciador, isto é, o autor pode ser dono do seu texto somente enquanto o escreve e ainda não o tornou público, depois da sua publicidade ele pertence aos leitores, que lhe atribuem variadas leituras e constroem inúmeras imagens a partir daquela apreciação”.

 

Aliás, em O mistério do riacho Tijucuçu, cada uma das personagens foi milimetricamente pensada pelo autor, em respeito à comunidade, cujos causos fazem parte. “Dona Anazus”, por exemplo, que colaborara com o parto da criança fora mencionada pelos contadores de causos como uma pessoa que montada no lombo de um touro sempre fa­zia o trajeto de sua cidade à outra, na qual possuía uma fazenda. Muitos relatos narrados por contadores de causos ao autor garantem tê-la conhecido e até conversado com ela, que na verdade se chamava Suzana.


Grande parte dos moradores da cidade atribui ao autor um ato de coragem e bravura em trazer à tona — transformando em conto — uma história de tamanha versatilidade.

Em 2011, ano que foi lançado, O mistério do riacho Tijucuçu foi vencedor de um concurso literário na categoria contos, promovido pela Secretaria Municipal da Cultura de Goiânia, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica de Goiás e passara a integrar a coleção Goiânia em Prosa e Verso.  Desde então, outras obras do autor também foram premiadas. Gilson Vasco disse que deixou de participar do concurso nos últimos anos porque o regulamento veta a idoneidade na escola da capa, mas não descarta a possibilidade de vez por outra, voltar a participar.


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