Já vimos em artigos
anteriores que a matéria-prima da Gramática é um sistema de normas que
dá estruturação à língua, isto é, são essas normas quem definem a língua padrão
ou norma culta, se preferir. Já não é mais surpresa ser a língua um sistema tríplice que compreende um sistema de formas
(mórfico), um sistema de frases (sintático) e um sistema de sons (fônico). Justamente
por essa razão, a Gramática tradicionalmente divide-se em morfologia, área que abrange
o sistema mórfico; sintaxe, parte
que enfoca o sistema sintático; fonética/fonologia campo gramatical
que cuida de enfocar o sistema fônico.
Lembrando
ainda que alguns gramáticos incluem nessa visão uma quarta parte, a semântica,
que se ocupa dos significados dos componentes de uma língua e que, de modo
algum, vamos deixá-la de fora desta amostragem articulista. Isso é justo porque
a semântica é um ramo da linguística que estuda o significado das palavras, frases e textos de uma
língua. Além disso, ela pode ser dividida
em descritiva ou sincrônica quando
estuda o sentido atual das palavras e em histórica ou diacrônica quando estuda as mudanças que as
palavras sofreram no tempo e no espaço.
Mas
hoje, focaremos nossos estudos somente num dos pilares que ajudam a sustentar a
Gramática e o chamamos de Morfologia. Faremos isso porque é exatamente através
da Morfologia que vamos ficar sabendo que para uma melhor compreensão e
facilitação do estudo gramatical a Gramática foi dividida em classes, ou classes
de palavras, algumas variáveis e outras não, formando dez, ao todo.
Nessas condições, podemos
dizer, então, que a Morfologia é o estudo a respeito
da estrutura, formação e classificação das palavras e que
estudar Morfologia, no entanto, significa estudar, isoladamente,
as classes das palavras, ou seja, substantivos, artigos, pronomes,
verbos, adjetivos, conjunções, interjeições, preposições, advérbios e numerais.
Percebe-se, no entanto, que
em português, existem dez classes gramaticais, ou classes de palavras, ou ainda
classes morfológicas, que talvez fosse mais óbvio chamá-las assim. Destas, seis
(artigo, adjetivo, pronome, numeral, substantivo e verbo) são variáveis porque
flexionam indo ao plural, ou feminino, ou superlativo, isto é, variam em gênero, número ou grau, e
quatro (advérbio, conjunção, interjeição e preposição) são invariáveis porque não
sofrem flexões, ou seja, não variam.
De modo ainda mais resumido,
podemos dizer que as palavras variáveis
são aquelas palavras que alteram sua forma para indicar um acidente
gramatical e que as palavras
invariáveis são as palavras de forma fixa.
Contudo, não pense que essa
classificação ou separação classicista é de comum aceitação por todos os
gramáticos, pois não é. Uma que o processo para obtermos a atual configuração
gramatical levou séculos, outra, dada as divergências entre estudiosos da
língua.
Para que se tenha uma noção
desse processo de construção e definição gramatical é interessante saber que a
primeira gramática do ocidente foi de autoria de Dionísio da Trácia
(Alexandria), o patrono das letras, que classificava o discurso em oito partes
(nome, verbo, particípio, artigo, preposição, pronome,
advérbio e conjunção). Como disse, a língua
é viva, daí, serem comuns essas alterações. Verdade é que nós somos os
responsáveis por essas mudanças que já ocorreram no passado e pelas que ainda
vão ocorrer daqui para frente. Mas não é nada fácil classificar uma palavra,
porém, nessa atualidade, todas as palavras da língua portuguesa estão incluídas
dentro de uma das dez classes gramaticais dependendo das suas características. Claro
que ainda há e creio que sempre vai haver discordância entre os
gramáticos quanto a algumas definições ou características das classes
gramaticais.
Gilson Vasco
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