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Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Goiás, Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade



Depois de grande mobilização popular, sob coordenação do Movimento Pró-Cidade de Goiás – Patrimônio da Humanidade, evento que reuniu entidades da cidade de Goiás, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan e os governos municipal e estadual, no dia 13 de dezembro de 2001, há exatos dez anos, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura, a Unesco, referendou Goiás, cidade histórica e turística que, por mais de duzentos anos, carregou consigo a função de capital do Estado, com o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade.

E o que é Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade? Bem, considera-se a existência de duas formas de patrimônios históricos, sendo uma cultural e a outra natural. O patrimônio histórico cultural reúne, por exemplo, centros históricos, monumentos, santuários e ruínas; já o patrimônio histórico natural são, por exemplo, áreas de conservação e parques nacionais. Mas como o principal tema deste artigo está focado exclusivamente para a cidade de Goiás, que no próximo dia 13 de dezembro, comemorará uma década de tombamento conferiremos, a partir de agora, quais os requisitos que uma cidade precisa ter para ser tombada como patrimônio da humanidade.

Para ser considerado legalmente como patrimônio da humanidade um centro urbano precisa ter importância mundial. Assim sendo, sua conservação e preservação devem ter interesse internacional. Uma vez uma cidade sendo tombada como Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade ela ganha mais atenção, ajuda e recursos para a sua manutenção e conservação, haja vista que muito mais difícil do que receber o título é conservá-la. Desse modo, é garantida à Unesco, entidade da Organização das Nações Unidas, a ONU, que cuida de Educação, Ciência e Cultura a tomada de decisão do tombamento de um dado lugar ou monumento. Porém, para se candidatar, o lugar precisa primeiro ser indicado por algum órgão nacional que no caso do Brasil, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama, inscreve as áreas naturais, e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o Iphan, responde pelas áreas culturais.

Vila Boa, Goiás, Cidade de Goiás ou Goiás Velho, não recebeu o título de Patrimônio Histórico e Cultural da Humanidade simplesmente pelo fato de ter sido a capital deste Estado por mais de duzentos anos, a cidade bela de arquitetura barroca peculiar, de tradições culturais seculares, circundada por natureza exuberante, de becos e casarões causadores de inspirações, berço dos versos da poesia de Cora Coralina; cidade guardiã do rio Vermelho, invasor dos quintais das velhas casas é uma cidade que há muito vinha fazendo por onde merecer essa honraria.

Um recorte histórico

Com as constantes investiduras dos bandeirantes, vindos principalmente das regiões paulistas, em territórios goianos, com a intenção da descoberta e, posterior, apropriação das minas de ouro, o que tempos depois ocasionou na extinção dos índios, Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera, um dos mais importantes bandeirantes a desbravar o interior do Brasil, durante o período colonial fundou em 1727, o Arraial de Sant’Anna que, pouco mais de uma década depois, foi elevado à condição de vila administrativa, com o nome de Vila Boa de Goyaz. Por esses idos, Vila Boa ainda pertencia à Capitania de São Paulo e somente mais de uma década depois, precisamente em 1748, foi criada a Capitania de Goiás, tendo como primeiro governador, dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, que chegou ali por volta de 1753.

Com o Conde dos Arcos, logo, a vila transformou-se em capital da comarca. Nos anos de 1950, o governador, dom Marcos de Noronha construiu a Casa de Fundição e em 1751, edificou o Palácio Conde dos Arcos, como forma de autovangloriação.

Décadas depois, lá pelos idos de 1780, o então governador Luís da Cunha Meneses, criou importantes marcos, como a arborização da vila, o alinhamento de ruas e estabeleceu o primeiro plano de ordenamento urbano, que delineou a estrutura mantida até hoje.

No fim do século XVIII, com o estágio do esgotamento do ouro, a população de Vila Boa sofreu grande redução, de forma que foi necessária uma mudança de postura na tangente das atividades econômicas, isto é, do ouro para a agropecuária. O que nem por isso impediu a comunidade de Vila Boa de continuar vivendo cultural e socialmente em sintonia com os costumes cariocas, então capital do Império.

Do fim do século XVIII, até o início do século XX, as principais manifestações se caracterizaram pela arte e cultura. Foi nessa época que culminou os sarais, jograis, artes plásticas, literatura, artes culinária e cerâmica, além da Procissão do Fogaréu, realizada na Semana Santa.

Nos anos de 1930, aquilo que há muito já vinha sendo arquitetado pelos políticos, nos bastidores goianos, que era a transferência da capital estadual para Goiânia, coordenada pelo então interventor do Estado, Pedro Ludovico Teixeira.

Contudo, a partir de 1983, como forma de homenagear a antiga Vila Boa, uma vez por ano, durante um dia a Cidade de Goiás é reconhecida oficialmente como a capital do Estado, em cumprimento ao decreto do então governador Mauro Borges.

 Gilson Vasco