Meus queridos conterrâneos wanderleenses e comunidade internauta, recebi
recentemente em meus contatos um vídeo que tem gerado muitos acessos pelos
moradores da Cidade de Wanderley e demais internautas. Trata-se de um senhor
que possui o mesmo nome da cidade de Wanderley. No vídeo, o viajante depara com
o município e resolve conhecer a cidade e registrar por meio de um drone, a região.
Uma vez postado no canal do Youtube,
muita gente tem questionado sobre o verdadeiro gentílico da cidade de
Wanderley. Eis abaixo, a explicação, na visão e conhecimento deste ser que vos
escreve:
Verdade que o nome que se dá ao cidadão de uma cidade é gentílico e
podemos até apontar alguns exemplos: quem nasce no Estado de Goiás é goiano;
quem nasce no Estado da Bahia é baiano (observamos a perda da letra “h”); quem
nasce na cidade de Goiânia é goianiense; e quem nasce na cidade de Wanderley é
wanderleense, logo, o gentílico da cidade de Wanderley é
wanderleense.
Lamentavelmente, ainda não há uma fonte segura capaz de reunir os
gentílicos das cidades brasileiras. De forma que, até os dicionários
brasileiros, como Houaiss, Aurélio, Michaelis, Aulete etc. ainda não
conseguiram preencher as lacunas dessa discussão.
Não se sabe em qual fonte andou bebendo, mas, erroneamente, o IBGE, fonte
mais segura e confiável que temos atualmente, tem apontado o gentílico de
Wanderley, como “wanderleiense”, talvez, partindo do pressuposto de que,
contrariamente ao que diz o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa,
tentou substituir na escrita “y” por “i”, sob a ilusão de que, com essa simples
mudança, estaria acertando o nome. Ora, fosse assim, teria também que
substituir o “W” por “v” e, desse modo, o gentílico de Wanderley seria “vanderleiense”,
o que de fato não é, uma vez que o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa
recomenda expressamente o uso das letras “k”, “w” e “y”. Então, pelo qual
motivo, o gentílico de Wanderley não seria “wanderleyense”? Por vários motivos,
inclusive pelo fato de quase sempre, apesar de não ser regra geral, a última
letra do nome da localidade tende a ser substituída por outra que se junta ao
sufixo, por exemplo: o gentílico da cidade de Cajueiro, em alagoas é cajueirense.
Assim, para formar o gentílico de Cajueiro, a vogal “a” foi desprezada e a
vogal “e” assumiu a função da terminologia junto com o “nse” formando o sufixo
“ense”. Dessa forma, aconteceu com o gentílico de Wanderley que ao perder o “y”
ganhou a vogal “e”, passando, então, a wanderleense.
Confira outros exemplos dessa mesma natureza gráfica: Japaratinga /
japaratinguense; Maravilha / maravilhense; Paripueira / paripueirense; Penedo /
penedense; Tucano/tucanense; Catunda / catundense; Lagarto / lagartense;
Wanderlândia /wanderlandense; Neópoles – neopolitano; Cotegipe / cotegipano.
Uma bela explicação é o caso do gentílico de Cotegipe que poderia ser
“cotegipense” ou pior ainda: “cotegipiense” e para a sorte dos cotegipanos não
o é. Mais uma prova que contesta o IBGE e dá consistência a este autor ao
defender que o gentílico de Wanderley é wanderleense.
Pois bem, esclarecido essa polêmica ressurgida com a divulgação do vídeo
no Youtube e aproveitando que citei a
cidade de Cotegipe, permita-me acrescer que segundo as normas ortográficas vigentes da
Língua Portuguesa, o nome Cotegipe deveria ser grafada com “j” passando o
topônimo a ser escrito como Cotejipe, uma vez que Cotegipe é uma palavra
de origem tupi-guarani e, neste caso, a regra do Novo Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa prescreve o uso da letra "j" para palavras de
origem tupi-guarani. Sabemos também que o nome vem do tupi Rio das Cotias
e, ao longo dos anos, a grafia foi alterada para Akuti
îy-pe, Cotegipe e finalmente para Cotejipe. Porém, este autor
fez questão de apresentar a grafia “Cotegipe”, em respeito aos cotegipanos,
pois é dada somente a eles, a decisão de mudança ortográfica do seu município,
bem como, compete a cada wanderleense grafar seu gentílico como queira, desde
que sabido de que o correto é wanderleense.
Adaptado de: História de Wanderley,
Minha Cidade, Gilson Vasco 2017. Editora Kelps.