Bem-vindo (a)

Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Dia Nacional da Consciência Negra


Fim do preconceito racial?

 A lei brasileira de número 10.639, de 9 de janeiro de 2003, estabeleceu que, a partir daquele ano, o dia 20 de novembro passasse a ser uma data para celebrar o Dia Nacional da Consciência Negra, uma vez que foi neste dia, no ano de 1695, que Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares, depois de lutar pela cultura e pela liberdade, morreu em combate, defendendo seu povo e sua comunidade. Mas o Dia da Consciência Negra já vinha sendo celebrado desde a década de 1960, embora só tenha ampliado seus eventos nos últimos anos. O Dia da Consciência Negra é uma data para se lembrar a resistência do negro à escravidão de forma geral, desde a vinda dos primeiros africanos para o Brasil, em 1594, e é também dedicado à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira.

Geralmente, na semana em que se comemora o Dia Nacional da Consciência Negra, entidades como o Movimento Negro, o maior do gênero no país, organizam manifestações, palestras e eventos educativos, tendo como principal alvo, as crianças negras, com intuito de evitar o desenvolvimento da inferiorização perante a sociedade. Temas como inserção do negro no mercado de trabalho, cotas universitárias, se há discriminação por parte da polícia, identificação de etnias, moda e beleza negra, etc. também são colocados em pauta e debatidos pela comunidade negra.

Não há dúvida de que a criação desta data foi muito importante, pois, além de servir como um momento de conscientização sobre a importância da cultura e do povo africano na formação da cultura nacional serve para a reflexão sobre a colaboração dos negros africanos, durante nossa história, nos aspectos políticos, sociais, gastronômicos e religiosos de nosso país.

A homenagem a Zumbi também foi mais do que justa, pois este personagem histórico representa a batalha de todos os negros que fizeram a história através de lutas pela justiça social e pelo fim do preconceito racial contra a escravidão, no período do Brasil Colonial.

Embora, desde o início, os negros sempre resistiram e lutaram contra a opressão e injustiças, oficialmente, a escravidão só teve fim em 1888. Mas nem com a oficialização do fim da escravatura, os negros ficaram livres do preconceito dos brancos, perante a sua raça. De modo que até os dias de hoje muitos negros ainda sofrem várias formas de preconceito, inclusive o preconceito racial. Alguém conhece um super-herói negro dessas histórias infantis que fascinam as crianças? Se existir é muito novo ainda, pois o que se sabe é que há uma propagação dos personagens históricos de cor branca, mas a verdade é que a história do Brasil não foi construída somente pelos europeus e seus descendentes, porém a valorização foi dada aos imperadores, navegadores, bandeirantes, líderes militares entre outros. Zumbi dos Palmares é o nosso primeiro herói nacional negro.

Em todo o mundo, homens como Luther King, Nelson Mandela, Albert Luthuli, José do Patrocínio e tantos outros já disseram que, a cor não é ou pelo menos não devia ser, um estorvo para a convivência igualitária entre os homens. Realmente, a união, a paz e respeito mútuo são o que devem prevalecer entre os homens, independente da classe social e da origem racial, ainda mais no nosso país, onde a miscigenação é a marca do nosso povo. Precisamos intensificar a luta pela inserção do negro na sociedade brasileira.

Como se não bastasse o olhar desconfiado de parte da polícia, do branco e de outras organizações para o negro, lamentavelmente, muitas vezes, o preconceito racial se inicia dentro da nossa própria casa, dentro do nosso próprio país, principalmente por aqueles indivíduos de maior poder aquisitivo. Muitos negros brasileiros que conquistam a mídia deveriam usá-la de modo a contribuir com a diminuição de qualquer forma de preconceito perante a sua raça, mas preferem compactuar com o feito ou mesmo ignorá-lo. O preconceito racial está diretamente ligado ao preconceito de classes. Alguém conhece alguma personalidade brasileira, de cor negra, de alto poder aquisitivo ou que esteja na televisão e nas páginas dos jornais casada com negro? Talvez exista, mas é raridade. Os famosíssimos jogadores de futebol, por exemplo, desfilam por aí exibindo sua parceira que geralmente não é negra. Claro que não devemos exigir que eles busquem para parceiras necessariamente mulheres negras, assim como tais, mas mais do que meramente coincidência essas manifestações parecem mesmo uma verdadeira prática do preconceito racial contra a sua própria raça, como se já não bastasse a manifestação do branco contra a cor negra.

Gilson Vasco
Escritor




Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua participação, seja comentando ou simplesmente visualizando.