Motivado pelo crescente índice de
criminalidade que vem atingindo a capital goiana e seu entorno, o Estado,
instituição portadora da obrigatoriedade de garantir a segurança plena aos
cidadãos tenta diminuir a criminalidade, lançando um novo plano de combate aos
homicídios, a ser executado pela Policia Civil. A ideia é plausível e acentua
como prova de que o governo se coloca numa aparente posição de preocupação em
relação ao crescimento da violência em nossa cidade e em nosso Estado. A
erudição do delegado da Policia Civil, ao relatar que para combater o homicídio
antes será preciso coibir outros crimes que possivelmente levariam aos
homicídios, nos deixa convencidos que é preciso, portanto investigar as origens
desse mal para se obter sucesso no ato da execução do novo plano.
Essa explosão de crimes, essa gigantesca
e lamentável ocorrência violenta que assusta, isola e intimida a sociedade brasileira
pode ser vista no dia a dia, nas manchetes dos jornais e a olho nu. As
pesquisas também vêm demonstrando crescentes casos de criminalidades em
território goiano. Mas o aumento da violência não é uma característica goiana,
ele tem atingido todo o nosso país e o mundo inteiro. Não é um mal que surgiu
agora, afinal, não é de hoje que existe a violência, seus primeiros procedentes
datam de períodos seculares. De acordo com dados bíblicos ela surgiu quando
Caim matou seu irmão Abel e daí em diante só tem aumentado e, o que é pior, com
um enorme estouro constrangedor de casos cada vez mais absurdos e inaceitáveis.
Claro que planos com intuito de reduzir
os índices de criminalidade devem ser pensados, propagados e executados, mas o
que devia ser prática ou pelo menos estar em pauta era a discussão de políticas
educacionais voltadas à qualificação e preparação dos indivíduos para a vida em
sociedade, não se discute sequer o papel da sociedade perante a formação das
crianças. Muitos filósofos, dentre eles Aristóteles já nos atiçavam para uma
consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se
tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao contrário: enquanto a
família, base que devia contribuir com a formação consciente dos indivíduos,
submete a criança e adolescente a uma espécie de violência psicológica e física
a sociedade os provoca a ser o que são. Estigmatizados descobrem nas drogas e,
posteriormente, na violência uma suposta solução para seus conflitos, rancores
e penares.
A própria mídia, veículo capaz de
informar e formar opiniões parece ignorar uma realidade desestruturadora da
sociedade por aproveitar do momento desolador e esquece a razão, ou seja, está
mais preocupado com a audiência em divulgar fatos trágicos do que contribuir
para a redução do extermínio infantil, juvenil e adulto.
Lamentavelmente, o Estado investe muito
em cadeias e parece ignorar o fato de que um país que investe mais em educação
constrói escolas e derruba presídios, resultando na formação de uma sociedade
mais consciente e menos violenta.
Verdade que uma polícia melhor equipada
e um Poder Judiciário mais ágil e, se necessário, mais rigoroso contribui muito
para a redução da criminalidade. Uma instituição de ensino precisa ter um
espaço privilegiado de convívio e de formação da pessoa, precisa ter qualidade
e se integrar à comunidade a sua volta. Ora, já observamos que as escolas que
permanecem abertas nos finais de semana, para uso da comunidade, conseguem
quase eliminar o vandalismo em suas dependências.
Temos que começar a pensar o modelo de
sociedade que queremos para nós e para as gerações futuras, e queremos uma
sociedade justa onde nossas crianças serão educadas no seio familiar, pois se
continuar dessa forma, a violência vai aumentar cada vez mais. Cada dia que se
passa o cenário vai ficar ainda mais caótico, a vida será sempre um risco e,
viver ou morrer, vai depender mais da sorte do que da segurança que o Estado
diz oferecer. Deve ser no seio familiar, na igreja e na escola a preparação
para nossas crianças de hoje se tornarem verdadeiros adultos amanhã.
Contudo, compete a cada um de nós
contribuirmos com a redução da violência e podemos dar essa contribuição, seja cobrando
soluções do Poder Público, seja nos organizando em redes comunitárias de
proteção e apoio, de desenvolvimento social e mesmo de questões de segurança
pública. Obviamente que não se trata de querer substituir as funções do Estado,
mas trabalhar em conjunto. Precisamos sim, urgentemente, começar a
destruir o mal pela raiz para que nunca mais ele venha a brotar, pois do mesmo
modo que geramos a violência, paz a gente que faz.
Gilson Vasco
Escritor
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