A exemplo desse veículo que nos leva a
mundos brilhantes temos também a Literatura Goiana, que nas suas primícias, no século
XVIII, Bartolomeu Antônio Cordovil (pseudônimo de Antônio Lopes da Cruz), nos
presenteou com o poema Ditirambo e depois com outros escritos; Luís
Antônio da Silva e Sousa, colaborador do Meia-Ponte, Matutina Meyapontense;
Luís Maria da Silva Pinto, com o Diccionário da Língua Brasileira;
Florêncio Antônio da Fonseca Grostom; Joaquim Teotônio Segurado; Antunes da
Frota e o marechal Raimundo José da Cunha Matos, também ficaram muito
conhecidos pelas suas crônicas.
No século XIX, a Literatura Goiana
começava a ser assediada pelo Romantismo que estava em alta nas poesias
europeias e nas de outros cantos do Brasil. Na segunda metade do século XIX e
início do século XX, Acrísio Gama, Antero Pinto, Félix de Bulhões, Joaquim
Bonifácio de Siqueira, entre outros, destacaram-se principalmente pelas suas
poesias reverenciando o cerrado e pelo amor à natureza.
Belíssimos escritores como Hugo de Carvalho
Ramos, Pedro Gomes, Gercino Monteiro, Ribeiro da Silva e Derval de Castro
marcam a prosa realista na Literatura Goiana.
Ainda no século XIX, com o advento do
Parnasianismo e do Simbolismo no Brasil, a Literatura Goiana se expande ainda
mais com livros de Érico Curado, Hugo de Carvalho Ramos, Vasco dos Reis, Vítor
de Carvalho Ramos, Leo Lynce (Cyllenêo de Araújo) e José Lopes Rodrigues.
No início do século seguinte já começa a
aparecer os primeiros contistas goianos como Matias da Gama e Silva,
Zeferino de Abreu, Cora Coralina, Gastão de Deus Vítor Rodrigues.
Ontem, livro de versos, de Leo Lynce
abre a porta para o Modernismo em Goiás. Logo, vieram João Accióli, José Godoy
Garcia, Bernardo Élis, José Décio Filho, Cora Coralina e Demóstenes Cristino.
Na tangente da prosa regionalista goiana
são os textos de Bernardo Élis, de Regina Lacerda e de Antônio Geraldo Ramos
Jubé que, a princípio, enaltece a Literatura Goiana, sendo Ermos e Gerais e O
Tronco, ambos de autoria de Bernardo Élis, as obras mais importantes da prosa
regionalista.
Tropas e Boiadas (1917), contos de
Hugo de Carvalho Ramos; Ontem (1928), poesia de Leo Lynce; Veranico
de Janeiro (1966), contos de Bernardo Élis; Pium, (1949) romance de
Eli Brasiliense; Íntima Parábola (1960), poesia de Afonso Félix de
Sousa; Jurubatuba (1972), romance de Carmo Bernardes; Via Viagem (1970),
romance de Carlos Fernandes Magalhães; Alquimia dos Nós (1979),
poesia de Yêda Schmaltz; Rio do Sono (1948), poesia de José Godoy
Garcia; Nos Ombros do Cão (1991), romance de Miguel Jorge; A
Raiz da Fala (1972), poesia de Gilberto Mendonça Teles; Joana e os
Três Pecados (1983), contos de Maria Helena Chein; Aquele Mundo de
Vasabarros (1982), romance de José J. Veiga; Poemas dos becos de
Goiás e estórias mais (1965), poesia de Cora Coralina; Relações (1981),
romance de Heleno Godoy e Elos da Mesma Corrente (1959), romance de
Rosarita Fleury são apenas algumas obras-primas, pois se fôssemos citar toda a
arte literária goiana, desde seu florescer aos dias atuais, o leitor teria que
se programar para passar muito tempo lendo, ouvindo ou vendo o que Goiás guarda
no seu baú literário que a cada dia é remontado com novas belezas criadas pela
Literatura Goiana.
Parte da falta de expansão e
amadurecimento da Literatura Goiana se deve ao fato do gosto pela arte de
literar ter sido despertado tardiamente, em relação ao cenário nacional.
Outro motivo foi causado pelo isolamento geográfico do Estado, mas claro que
temos nomes de grande destaque no cenário Nacional como a saudosíssima Cora
Coralina, Hugo de Carvalho Ramos, Bernardo Élis, José J. Veiga e Gilberto
Mendonça Teles.
Na atualidade, a Literatura que vem
sendo desenvolvida em Goiás também possui sua linha artistica. Admito que
a Literatura Goiana é um campo mágico a ser explorado ainda, uma cartola à
espera do mágico lhe enfiar a mão. Lógico, verdade seja dita, ainda não
conseguiu se equiparar a outras literaturas feitas em outros Estados, como a
Literatura Baiana, feita por Jorge Amado, Castro Alves, Dias Gomes etc.,
etc., mas está engatinhando e conquistando maior espaço.
Creio que a função que a Literatura
Goiana vem cumprindo vai muito mais além do que simplesmente fazer graça.
Aliás, entre outras funções da Literatura Goiana, graça é o que não lhe falta.
Está perdendo uma grande chance de se maravilhar com belas risadas quem ainda
não leu Causos, de Humberto Milhomem, Mexidos e Remexidos, de Lêda
Selma ou quem ainda não se deliciou com As netas do Barão, romance de
época de Sandra Rosa. Todas elas são obras-primas que, como outras que ainda
teremos a oportunidade de ler, estão inseridas na quarta Coleção Goiania em
Prosa e Verso lançada recentemente pela Prefeitura de Goiânia, por meio da
Secretaria Municipal de Cultura.
Muitos leitores quando vêem Humberto
Milhomem, Heleno Godoy, Miguel Jorge, Eurico Barbosa, Sandra Rosa, Lêda Selma,
Aidenor Aires, Leidianne Alves, Cida Almeida, Márcia De Conti e tantos outros
autores goianos fazendo parte de uma coleção como essa, colocam em cheque, ao
ponto de fazer cair por terra qualquer comentário avesso à função que cumpre
esse projeto tão ousado de realizar o maior lançamento de livros já visto
antes. Certificam de que a história da Literatura Goiana realmente precisa
continuar, de modo que na próxima edição da coleção o número seja bem maior.
Assim como a Literatura Goiana vem se
mostrando para o mundo, o Diário da Manhã também tem firmemente cumprido sua
função jornalística e social: informando, abrindo espaço para todos e
divulgando a nossa cultura goiana para o planeta.
Gilson Vasco
Escritor
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