Sempre tive um sonho de pesquisar,
escrever e publicar algo sobre o apagamento da modernidade, voltado para as
velhas ferrovias e visando adquiri e transmiti um maior entendimento e
conhecimento na tangente da constituinte, manutenção e esquecimento das estradas
de ferro de Goiás. Fui induzido pela minha curiosidade tamanha a percorrer um
pouco da história da criação e manutenção de alguns trechos da ferrovia goiana.
No primeiro momento, a curiosidade ateve-se a levar-me a observar conteúdos
escritos e imagens fotográficas e, com a leitura textual e imagética fui
aguçado à prática, isto é, resolvi ver de perto e a olho nu o pouco que resta
de tudo aquilo que um dia foi um dos principais motores que fazia este Estado
mover-se econômico e politicamente. Com gratidão ao Diário da Manhã que sempre
se preocupa com a voz do povo, o leitor é o nosso convidado para embarcar nesta
nossa viagem de cinco paradas, isto é, contadas em cinco partes.
Durante nossa viagem que se inicia
agora, caro leitor, você poderá constatar que já no ano de 1873, Antero Cícero
de Assis, então presidente da província de Goiás foi autorizado a construir uma
ferrovia que ligasse a capital do império à margem do Rio Vermelho, partindo de
uma já existente estrada de ferro chamada Mogiana. Ele não obteve sucesso.
Treze anos depois, em 1886, houve uma nova tentativa de dotar a província de um
sistema de transportes para escoamento da produção, através de uma concessão à
Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, que poderia ampliar suas linhas do Rio
Paranaíba ao Rio Araguaia. Passaram-se mais dez longos anos, após a publicação
de decreto para o Triângulo Mineiro ser agraciado com os trilhos da Companhia
Mogiana de Estradas de Ferro. Foi percebido também que após divergências
políticas, estabeleceu-se através de outro decreto que o ponto inicial da
estrada de ferro seria na cidade de Araguari, e o final, na cidade de Goiás.
Contudo, a criação da estrada de ferro se deu em 3 de março de 1906, tido como
uma solução para os produtores, comerciantes e políticos goianos, que
precisavam atender às necessidades da economia da região. Assim, chamada
primeiramente Estrada de Ferro Alto Tocantins, de capital privado, foi
autorizada a explorar o trecho de Catalão a Palmas, com o objetivo de ligar a
cidade de Goiás, então capital do Estado, a Cuiabá. Posteriormente, em 28 de
março de 1906, através do decreto 5.949, do então presidente Rodrigues Alves, a
ferrovia passou a chamar-se Estrada de Ferro Goiás. Porém, somente no dia 27 de
maio de 1911, dois anos após o início dos trabalhos no marco zero da ferrovia,
os trilhos começaram a ser instalados no Estado de Goiás. Em janeiro de 1920, o
governo assumiu a administração da Estrada de Ferro Goiás, que através do
decreto nº. 13. 936 foi autorizada a explorar o transporte ferroviário na
região do Triângulo Mineiro e em Goiás.
A construção da estrada de ferro em solo
goiano, ao mesmo tempo em que é o resultado de um grande esforço feito por
alguns representantes da classe política e intelectual da região é também
propósito para assegurar os interesses do sistema capitalista de produção, uma
vez que ela nasce de dentro para fora do Estado.
Pois bem, navegando conteúdo adentro
tivemos a oportunidade de conhecer teoricamente um pouco da história das
ferrovias do Brasil, em especial do Estado do Goiás. Faremos uma parada
momentânea, para um descanso, mas não contentemos somente com isso, pois no
próximo artigo visualizaremos algumas das trinta estações que servia (e muitas
continuam servindo) a Estrada de Ferro de Goiás. Até lá.
Gilson Vasco
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