Bem-vindo (a)

Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Solidão


Sozinho em meu tristonho quarto, sem ninguém para ouvir os meus imensos sentimentos a tristeza é cruel, forte e luta para me dominar. Castigado pela maldosa solidão, não suporto, tenho que me entregar e, sem perceber, me pego apensar... Inseguro, sem proteção, prisioneiro do medo e da desilusão, só me resta chorar. E choro um triste pranto de lamento, pensando nos momentos que o destino me obriga a passar. Nesse triste momento me concentro a pensar em alguém que nunca esteve presente para ouvir o que eu tinha a lhe falar. Ao refletir, recebo a certeza de que não existe ninguém para me consolar.

A solidão continua me ferindo por dentro, num triste lamento, só me convém perguntar: será que sou tão ruim que ninguém gosta de mim? Existe outro alguém tão triste assim? Será?

Carente de amor, gritos estrondam num ritmo de clamor chamando por alguém que não me dar valor. Sozinho entre quatro paredes sou presenteado: Vem um desejo de encontrar outro alguém, mas tenho medo de ser ferido novamente; gostar de alguém que não gosta de mim. Desiste e tento sorrir para enganar o meu coração e, sem perceber, sou pego de surpresa pela tortura tristeza envida pela solidão! Nesse momento o meu sol que começara a brilhar, com raios de amor, é invadido pela escuridão. Olho para o mundo e não vejo nada, ninguém. Nem mesmo o meu verdadeiro amigo estar comigo para me orientar. Castigado pelas lembranças que bailam em meu coração, guiado pela solidão, na escuridão saio a caminhar querendo me libertar para não sentir o meu coração chorar.

Nas estranhas ruas do meu entardecer nada me alegra, olho para o infinito céu e vejo que até mesmo as estrelas estão carentes de amor. Então, saio perambulando pelas florestas das minhas descobertas a observar as folhas secas da imaginação que caem no chão da amargura ao sentir o vento triste soprar, inexistentes pássaros cantam hinos de louvores ao perceber o ressoar da natureza no alvorecer e a brisa fria suaviza o meu rosto aumentando o desejo de ter alguém para me amar.

Olho novamente para o céu e me percebo vivo ao sentir uma estrela cadente mudar. Essa estrela brilhante me deixou confiante para eu procurar, outro caminho, com um grande intuito de eu encontrar alguém que me der uma chance, que me de carinho e amor, coisas que vivo sempre a sonhar.

Gilson Vasco

Escritor

Fragmentos da Literatura Wanderleense


É mais uma obra do escritor baiano Gilson Vasco, lançada no fim de 2010. Fragmentos da Literatura Wanderleense é, na verdade, um ensaio, uma crítica literária feita para elucidar autores wanderleenses que assim como o próprio autor, estão sempre buscando enaltecer e divulgar a cultura da sua cidade para o mundo.

Essa obra tem como objetivo principal analisar de modo superficial o modelo literário de dois grandes autores wanderleenses: Machado Vieira e Eugênia Sardeiro. Outro intento da obra é fazer mais uma das diversas leituras que se pode fazer diante de um texto, isto é, enumerar algumas imagens expostas nas composições de cunho prosaico ou poético desses dois autores wanderleenses.
Pergunta-se qual o principal objetivo da análise dos textos desses dois autores wanderleenses feita por mim. O questionamento é preciso e evidente, e, mais evidente e necessária ainda é a resposta.

Ora, sabe-se que até meados de 2004, Wanderley ainda não contava com uma Literatura própria, isto é, não havia nenhuma obra de cunho literário produzida por wanderleense, exceto um trabalho textual, ainda sem publicação chamada Árvore Genealógica da Família de Francisco Soares da Silva e Sérgia de Souza Maia e Silva assinada por Adalberto Soares da Silva, natural do povoado de Olhos D’água e Loucuras da solidão, uma poesia de Eugênia Sardeiro.

A partir do ano de 2004, com a publicação do conto infanto-juvenil A fuga para o Bosque Enlevado, de minha autoria, publicado em Goiânia, pela Editora Kelps, a Literatura Wanderleense começou a mostrar para o mundo, através de alguns jornais, revistas e, principalmente, do site Baianada.com criado pelo wanderleense Ailton Teixeira, suas primeiras composições.

Com isso, pode se dizer que A fuga para o Bosque Enlevado veio também para despertar nos wanderleenses o desejo de dizer ao outro, através das palavras escritas, o que sente, ora, pois com a sua publicação aflora ou desperta em muitos conterrâneos o gosto pela escrita. Surgem autores como Diones Machado Vieira (Júnior), que apesar de não ser natural de Wanderley fora criado na cidade e se sente um wanderleense nato, Bruna Eugênia Sardeiro Pereira (Bruninha), o próprio Ailton Teixeira (Boiadeiro), todos assinando um emaranhado de matérias no site Baianada.com e em jornais. Outros autores wanderleenses como Professor Nilton Carlos, João Brito, Marcelo Pereira etc., embora não tendo ainda trabalhos publicados vêm colaborando muito no campo da Literatura Wanderleense.

Mas quem são, afinal, Machado Vieira e Eugênia Sardeiro? Machado Vieira é responsável pela assinatura de inúmeros textos, entre artigos, contos, poesias, crônicas, críticas, sátiras e outras modalidades literárias publicadas pelo site Baianada.com e por outros meios de comunicação. Machado Vieira, apesar de ser naturalmente goiano, possui dupla naturalidade. Diz se sentir como um wanderleense nato. É principalmente através do site Baianada.com que Machado Vieira mostra a sua indignação para com as falcatruas de muitos governantes wanderleenses que costumam agir de má fé. O autor se destaca na luta contra as práticas corruptas de inúmeros políticos brasileiros, denunciando as atrocidades cometidas por estes e atua literariamente e literalmente na defesa da população wanderleense. Wanderley, BA tem cura?! É um dos seus textos mais acessados, lidos e elogiados, publicado pelo site Baianada.com.

Eugênia Sardeiro é responsável pela assinatura de mais de 100 textos, entre notas, artigos, contos, poesias, crônicas, críticas, sátiras e outras modalidades literárias. No ano de 2001, Eugênia Sardeiro obteve a terceira colocação no Concurso de Poesia do V Fest. Cult. (Festival de Cultura) do Estado de Goiás, com a poesia Loucuras da Solidão. No mesmo ano, a mesma poesia, de Eugênia Sardeiro foi classificada entre os dez melhores trabalhos do País, no Concurso Nacional de Poesia, preparado pela Revista Brasília. Ainda nesse ano, Loucuras da Solidão foi publicado pelo Jornal Imprensa Literária, do Rio de Janeiro. Além de atuar na divulgação de textos de divulgação em mídia digital, Eugênia Sardeiro, também é repórter oficial, cronista e colaboradora do site Baianada.com, ao lado de Ailton Teixeira, idealizador da página.

Gilson Vasco

Escritor

Wanderley é campeão!


Se toda vez que se ganhar um título for motivo para comemoração, a sociedade wanderleense pode comemorar. Wanderley ganha mais um título de destaque entre os municípios do oeste baiano. Embora não seja surpresa, posto que o mágico pedaço de chão há muito já vem colecionando títulos de caráter semelhante, mais uma vez o município de Wanderley é campeão!

Às vezes o município wanderleense passa por alguns pequeninos probleminhas como o fato de ainda não ter um destino adequado para o lixo, não contar com políticas voltadas à capacitação profissional dos jovens, não possuir boas estradas para a locomoção, faltar incentivo cultural e motivação para o desenvolvimento geral, entre outros. Mas que mal tem isso, se até água doce o município já oferece?! Tudo bem que com a tão sonhada chegada do mel surgiram alguns quase imperceptíveis probleminhas, como o fato de as ruas wanderleenses se camuflarem por um misto de lama e lixo, por alguns rápidos meses, enquanto esperavam a manutenção nas encanações, dificultando a passagem até mesmo de pedestres! Mas e daí?! Realmente não há o que reclamar, afinal, os transtornos passam e os benefícios ficam. Por falar em ficar, dias depois da comemoração da chegada do líquido açucarado, a comunidade em peso ficou sem água, mas isso não durou nem mesmo quinze dias e o problema logo foi apressadamente e inteligentemente solucionado! Que ficasse mais tempo, quinzenas, meses ou anos, ninguém precisa de água todos os dias mesmo.

Há quem diz que a saúde wanderleense não é das melhores, mas veridicamente o município possui até ambulância para transportar os enfermos! É certo que às vezes o veículo chega até a dá defeito, mas nem por isso o paciente deixa de ser atendido até mesmo depois de peregrinar por hospitais de outras cidades e, melhor ainda, às vezes, é atendido antes mesmo de morrer! Não é mesmo uma sorte? Esses insignificantes probleminhas nada importam. O importante é que o município é campeão, rico, potente, feliz e é um oásis de liberdade. Sim liberdade, o município wanderleense é exemplo de liberdade! Wanderley é uma terra de pessoas livres, ora, prova disso é que desde cedo as crianças já são liberadas para frequentar boates, bares, ingerir bebidas alcoólicas, entre outros, sem hora para voltar para suas casas. Em épocas de disputas futebolísticas, jogo e álcool se confundem numa só animação. É uma verdadeira farra! Em Wanderley, crianças e adolescentes são considerados tão inteligentes pelas autoridades e pelos seus responsáveis que até conduzem veículos automotores pela cidade e zona rural do município, sem precisar de nenhuma habilitação ou equipamento de proteção!

Depois de ser eleito como a terra do milho e do boi, ter sido vangloriado pelo baixo índice de homicídios o município de Wanderley é novamente campeão!

De acordo com o último senso demográfico a população wanderleense reduziu, mas nem isso foi empecilho para que a terra do milho e do boi ganhasse esse título. O município de Wanderley é mesmo recordista. Verdade, nem cidades bem maiores e mais populosas, como por exemplo, a cidade de Barreiras que possui oito vezes mais o número de habitantes do mágico pedaço de chão conseguiram superar o ranking wanderleense.

Constituído unicamente por uma família que não briga o mágico pedaço de chão, a terra do milho e do boi, o município de Wanderley é campeão. Nessa terra ninguém morre de overdose, passa ano sem ter homicídios, visto que a cidade é formada por uma família que vive em festa e em comemoração. Pode comemorar, pois Wanderley é campeão no consumo de bebidas alcoólicas! Haja cerveja, cachaça e todas as modalidades de bebidas alcoólicas para matar a sede dessa população.

Gilson Vasco
Escritor

Política e religião se confundem em Wanderley


É verdade que eu me orgulho de ser um cidadão wanderleense e muito admiro meus conterrâneos, meus irmãos de coração, mas, ao mesmo tempo fico envergonhado quando recebo notícias perspicazes como essa publicada no site da rádio de Wanderley, lógico, a publicação em si, pela rádio é meramente uma prestação de serviço para com a comunidade, bem como a convenção partidária propriamente dita, porém, o conteúdo por si só, o qual afirma que a convenção ocorreu na Casa Paroquial é sem sombra de dúvidas uma total falta de respeito de muitos políticos de Wanderley para com Deus. A própria direção da Igreja Católica de nossa cidade não si dá o respeito quando aceita a concretude de um evento desses no espaço físico integrante à Casa Santa. A Bíblia relata que Jesus expulsou os comerciantes e jogadores da casa de seu pai. Pergunto: O que é a política hoje, senão um jogo e um comércio?

Goiânia hoje é a minha segunda casa, mas é em Wanderley que estão fincadas as minhas raízes. Lamentável é, pois, a decisão de se realizar um ato político-partidário num espaço sagrado. Sabemos que dependemos da Política para tudo: essa ciência nos persegue desde a compra do fósforo às decisões de quem morre ou de quem deve viver, todavia defendo a ideologia de que política e religião devem andar separadas. Lógico que a igreja cumpre papel fundamental no que tange a decisão de orientar os cidadãos quanto ao fato da consciência de se votar. Por outro lado, a época em que a igreja mais cometeu falha foi quando caminhava lado a lado com a política partidária. Ora, existem várias outras políticas com as quais a igreja poderia se preocupar. E digo isso com autonomia, é claro que a minha intenção não é a de ser autoritário, mas como católico que sou tenho aval positivo para opinar.

Queria muito parabenizar o PTB de Wanderley pela abertura de novas ideias, pois dentre outras, é a convenção uma forma de renovação e o bom partido é aquele que está sempre buscando se renovar, porém, no momento, o repudio, pelo ato de se realizar uma convenção na Casa Paroquial, pois ao fazer isso, subentende que a sua intenção nada mais é que pressionar a população a votar no partido que está do lado da religião majoritária em Wanderley que é o Catolicismo. Ressalto ainda, senhores políticos que o voto é livre.

Gilson Vasco

Escritor

Hospitaleira Wanderley


Wanderley, sublime cidade acolhedora, divago em tuas trilhas guarnecidas por recintos, edifícios, paredões e arvoredos adornados de flores e vejo-me vagueando pelo âmago da minha pacata estância harmoniosa.

És mais que uma cidade, és uma flor cedendo o néctar às abelhas, és uma mãe aleitando teus filhos. És tranquila, pacata e serena. És uma ostentação para quem já pisou no teu solo, para quem já descansou no teu colo e um sonho para quem houve o teu resplandecente nome. És tão maravilhosa, aconchegante e acolhedora que nem mesmo em poema te escrevo. És tranquila, confiança, fraternidade e lembrança.

Teus ares, tuas brisas e teus manifestos são perspicazes. Tua luz se transforma num clarão luminoso com raios dourados. Tuas tardes resplandecem horizontes crepusculares. Em ti, invento os momentos, pois teu tempo tem tempo. Teus dias são meigos e sensíveis como as flores de teus jardins. Tuas noites são prateadas pela lua e pelas estrelas. Têm festas e diversões culturais e religiosas para teus habitantes e visitantes alegrarem.

Ó Wanderley, terra de se viver, estou compactado em ti. Quero ir ao teu encalço, te fazer de cais para em teu porto me atracar. Quero anunciar para o mundo, num prelúdio, que sou filho de ti. Ó magnífica cidade, terra de alegria, berço das mulheres belas e encantadoras. Chão dos homens esforçados e crianças livres. Ó irresistível Wanderley, tua generosidade não é utopia e uma coisa eu queria: descrever-te em poesia.

Ó Wanderley, terra do milho e do boi, assim foi, é e sempre será. Meu esplendor, terra, céu, brisa e sertão. Tem teus defeitos, pois somente Deus é perfeito. Dar-se um jeito, minha cidade és tu. Esta poesia é um hino em teu preito que saiu do meu peito para te elogiar. Ó minha Wanderley, trago teu nome enclausurado em meu coração, tua lembrança não sai da minha mente e teus filhos os tenho como meus irmãos.

Gilson Vasco

Escritor

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Mais merchandising e menos desenvolvimento em Wanderley


Já no início deste ano... Corrijo, no início não porque no início, acontecem as festas carnavalescas e o povo brasileiro está ocupado com os festejos e em Wanderley não poderia ser diferente. Melhor dizer assim: Prestes a terminar o primeiro bimestre do ano em curso o mágico pedaço de chão assistiu à primeira sessão legislativa do ano. Bravo! Bravo!! Bravíssimo!!!

– Estamos de parabéns, está completando um ano, eu disse um ano, não é um dia nem um mês, minha gente. Faz um ano que o nosso município não é acometido por qualquer homicídio! Tudo isso é graças aos nossos policiais que atuam veementemente em nossa comunidade.

– Não, não, não, não, não, não, não mesmo. O fato de não ter acontecido homicídios há mais de um ano não é devido ao trabalho de agentes militares não, pois eles são muito pouco aqui. O motivo deve ser atribuído ao fato de a população wanderleense ser uma família!

– Concordo. Certa vez precisei dos préstimos dos agentes e não fui atendido, onde já se viu uma autoridade parlamentar não ser servida pelo Estado?! Que horror! Onde estamos? Para onde vamos?

Se o ditado popular de que “em terra de cego quem enxerga é rei” estiver correto (lembrando que a sociedade defende que a sabedoria popular nunca erra), estaria faltando o rei na terra do milho e do boi?

Não. Meus conterrâneos enxergam muito bem e, caso tenha algum cidadão especial, no sentido visual, não tenho dúvida, este enxerga ainda melhor, enxerga com os olhos do coração. No mágico pedaço de chão não está faltando rei, pelo contrário, eles estão sobrando. Reis que se digladiam entre si na busca pelo poder majoritário. Reis que depois de ganhar o voto do súdito o ignora até a próxima eleição. Reis que nos seus “ofícios” buscam mais o poderio através de um merchandising barato do que a melhor qualidade de vida para os seus vassalos.

Pensamentos aparvalhados, ideias embasbacadas, falas pacóvias de certos parlamentares estão longe de convencer a sociedade. Meus conterrâneos estão fartos desses discursos de um merchandising barato e promessas mirabolantes que não chegam a lugar nenhum.

Sejamos justos, querer vibrar, enaltecer, vangloriar e comemorar um ano sem homicídio num município é, polifonicamente, dizer que a cidade é tão violenta que um ano sem nenhum homicídio é motivo de comemoração. É uma omissão à morte do garotinho wanderleense que tão jovem morreu de overdose de drogas. O que seria isso senão um homicídio social wanderleense?! Que horror! Onde estamos? Para onde vamos? (Agora sim os termos supracitados foram empregados corretamente).

– Meu diagnóstico: Wanderley continua em mau caminho...

Indivíduos ainda reclamaram da oportuna fala do médico que atendeu a criança em outra cidade, já que o mágico pedaço de chão continua vivendo a idade dos primórdios científicos, na tangente da medicina (e noutro monte de tangentes também).

Sejamos mais justos ainda, atribuir o motivo de não ter acontecido homicídio durante todo um ano ao fato de a população wanderleense ser uma família aí já é fazer da seriedade uma tremenda brincadeira de mau gosto! Não é?

Convite: Vamos fazer um pequeno histórico dos casos em que nossos irmãos atentaram contra o outro e resultou em morte? (Agora eu dei uma pequena vacilada, não foi?). Foi de propósito. Há muito eu sei que a grande maioria dos meus conterrâneos é atenta e possuem uma memória perfeita, ao ponto de não precisarmos citar os inúmeros homicídios ocorridos nessa família da terra do milho e do boi. Mas, para muitas autoridades, até que elas não sejam atingidas, tudo certo, “essas briguinhas acontecem mesmo até nas melhores famílias”. Não viu dias depois da comemoração de “um ano sem homicídios” um irmão esfaquear o outro, arrancando-lhe a vida, em plena rua do mágico pedaço de chão?

Então quer dizer que a única fala inteligente foi a terceira? Aquela que, apesar de denunciar o despreparo do Estado para com a segurança, concordou com a segunda? Sejamos francos!
– Encerra-se neste momento a primeira sessão legislativa deste município.

Gilson Vasco

Escritor

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Uma deusa chamada mulher


Se não fosse a mulher tudo era triste, vazio, nada tinha graça. Sem a existência dessa deusa, o mundo não seria essa maravilha que é, a vida não seria tão imensamente gloriosa, o sol, a lua e as estrelas não brilhariam com tanta nitidez, o amor não seria tão esplendoroso, tudo era pálido, o pôr do sol não seria tão admirado, o crepúsculo não teria a força de despertar nos apreciadores, energia de admiração, e o tempo era longo e monótono.

Sem esse monumento feminil, produzida pelas mãos do sagrado divino e inventor de todas as coisas úteis, as rosas, as orquídeas, os cravos, as açucenas, as calceolárias, as camélias, as centáureas, os lírios, os girassóis, as violetas, enfim, nenhuma espécie de flor teria o dote de conquista e o privilégio de sedução existente na beleza, suavidade, harmonia e aroma das flores. Se não existisse esse ser fenomenal não haveria nos homens, realização, nem mesmo existiam sequer as posteridades.

Se não fosse essa musa, não haveria composições poéticas capazes de desabrochar uma lágrima de felicidade dos olhos apaixonados, não haveria inspirações nas poesias para amolecer os corações daqueles que não conhecem o amor, nenhuma música seria bela e suave capaz de despertar sentimentos profundos, nem mesmo a maior concentração de versos românticos harmonizavam as palavras transformando-as em poemas, se não fosse esse encanto de mulher, pois ela é tudo: é alegria, maravilhosa, gloriosa, o brilho esplendoroso, é força, é o preenchimento do vazio, é a inspiradora das poesias, dos poemas, da harmonia das músicas, é uma obra da divindade, responsável pela continuidade da origem humana. Ela é um ser puro de dóceis sentimentos profundos e afetuosos capazes de fazer dissolver os penedos dos corações duros e destinados impiedosamente a cometer atos malignos.

Nada seria benéfico, nada teria formosura e brilho nítido se não existisse neste belo mundo cheio de amor, diversão e plenitude essa deusa chamada mulher.

Gilson Vasco
Escritor

Garotos esquecidos


Somos menores desamparados, crianças sem esperanças, desprevenidos, pés no chão, mendigando uns mendrugos para sobrevivermos nessa escuridade. Somos frágeis e atuamos segundo a apreensão que nos consomem.

Nossa imagem perante sua visão é de bandoleiros, vadios, bárbaros, malignos, malfeitores, desocupados e delinquentes. Talvez, você esteja certo, somos tudo isso e muito mais. Mas não somos culpados, não temos débitos. Somos mal vistos. Somos vítimas da desordem, de um sistema manipulador que transforma o ser humano em objetos inúteis, que arranca a plenitude, o amor, a piedade dos corações e implanta neles a ambição, a ganância, a fúria, transformando os homens em gigantescos inescrupulosos e que faz com que cada um pense somente em si. Somos imolados pelos donos da força e do poder, insuficientes para entender que somos o retrato desta pátria, desta pátria que constitui numerosos famintos, mas que são vítimas do desperdício excessivo.

Somos bons, somos ruins, minúsculos, imperceptíveis, sem destinos, salteadores com razão. Não temos faltas, só queremos a sobrevivência, somos o cúmulo do pudor desta pátria desmemoriada. Somos ladrões e temos que furtar para comer, ter vida e não morrer, sentir as batidas do coração. Garotos esquecidos, sem pátria, garotos de rua, somos pobres e sem recursos, queremos espaço para viver. Somos violentos, a violência foi a única forma que encontramos para clamar-te, para despertar a sua atenção. Somos manchetes dos jornais nesta terra de orgia, não temos como sair da miséria sem a sua ajuda.

Somos protagonistas, principais personagens de uma peça dramática, uma história real, história que você desconhece e finge não enxergar esse espetáculo brutal, rude e insensível, mas ainda é pouco para lhe comover e fazer você perceber que somos estrangeiros no nosso próprio país. Você possui o título e a glória, mas não possui o conhecimento para compreender que somos o futuro desta nação e precisamos de ajuda para desenvolver um amanhã digno, uma nação justa.

Somos minúsculos diante de ti, somos simplesmente migalhas tão somente vulgares, somos a incultura do seu pensamento, somos sem história, sem lembranças, ignorados, flagelados, somos garotos de rua, somos garotos esquecidos e a culpa é somente sua.

Gilson Vasco
Escritor


A violência


Num mundo incerto, onde a violência ultrapassa a piedade, a sociedade sofre e paga um preço muito alto por existir.

Sabe-se que não é de hoje que existe a violência. A violência surgiu desde a época em que Caim, personagem bíblico, matou Abel, e daí em diante, ela só tem aumentado cada vez mais e, o que é pior, com uma enorme explosão constrangedora de casos absurdos. Hoje, porém, o que mais se vê nas manchetes dos jornais é uma gigantesca e lamentável ocorrência violenta que assusta, isola e intimida a sociedade, principalmente, o povo brasileiro.

Quem está no poder, parece não ter o controle de tal situação e para amenizar o caos, supostamente, finge tentar encontrar solução para dar fim aos acontecimentos, mas o que encontra, na verdade, é uma desculpa para tudo. Quando se trata de uma desculpa mais ou menos aceitável, cala a boca da sociedade, do contrário, só se ouve desculpa esfarrapada, absurda, ironia e coisa inaceitável. Só que nesse caso, a verdade, logo, vem à tona e não dá mesmo para se calar. O que o povo tem a fazer é colocar a boca no trombone, como se diz por aí, procurar o seu direito de cidadão, cumpridor dos seus deveres e exigir dos “donos” do poder a criação e desenvolvimento de uma política capaz de dar um basta na onda de violência, porque não requer apenas treinar e equipar a polícia com o que há de mais moderno e sofisticado material bélico, ou mesmo, convocar as forças armadas para ir às ruas tentar maneirar a violência através da força brutal e repressiva. Mais do que isso convêm aos dirigentes deste País castigado, principalmente pela violência, fazer acontecer mais que uma total mudança no Código Penal Brasileiro, acrescentando-no leis mais severas para punir com mais rigor os causadores e praticantes dessa praga chamada violência; criar uma política séria; fazer com que a justiça se una com a própria polícia e vis-à-vis e ambos trabalhar em prol de uma sociedade justa, digna e sem medo. Caso isso não venha a acontecer, brevemente, a situação só tende a piorar, pois criminosos, estupradores, delinquentes, psicopatas, ladrões, manipuladores, corruptos, marginais e toda a classe bandida se misturam com pessoas sérias, equilibradas e civilizadas causando transtorno e equívoco à sociedade, dando, aos poucos, cada um, o direito de julgamento perante ao próximo.

Se continuar dessa forma, a violência vai aumentar cada vez mais, não vai existir auge, a situação cada dia que se passa vai ficar mais caótica, a vida será sempre um risco e, viver ou morrer, vai depender mais da sorte do que da segurança.

Gilson Vasco

Escritor

Massacre no Rio


Massacre do Rio – Parte IIVagas explicações


Depois de acompanhar de modo horrorizado as primeiras informações sobre o caso do massacre do Rio, quando o jovem Wellington Menezes de Oliveira, matou pelo menos 12 crianças a tiros e deixaram outras em estado grave, agora, estarrecido, tenho lido e ouvido inúmeros comentários, muitos dos quais bestiais, acerca do fatídico massacre na manhã de quinta-feira, do dia 07 de abril, na Escola Municipal Tasso da Silveira, em Realengo, zona oeste da Capital carioca.

Inúmeros especialistas das mais diversas áreas do comportamento humano surgem, sejam através de convites, sejam espontâneos, para opinar acerca do brutal episódio e o que levou o indivíduo a desenvolver tal conduta. São informações tão diversificadas que acabam confundindo a sociedade. Psicanalistas, psicólogos, psiquiatras e até sociólogos tentam através da Psicologia – e de suas ramificações – e da Sociologia encontrar a raiz do distúrbio (da esquizofrenia, transtorno delirante tipo sensitivo-paranoide de Kretschmer, ou seja qual for a doença mental) contraído pelo assassino.

Diante de tantas tentativas de diversos especialistas das mais diversas áreas da Psicologia tentar explicar a origem das Janelas Killers, as quais supostamente tenham levado o ex-aluno a cometer tamanha atrocidade, nos resta fazer alguns questionamentos. Indagações, aparentemente bem mais fáceis de serem respondidas do que essas que, em minha opinião, ainda não foram evidenciadas. Pois bem, por que toda vez que acontece esse tipo de barbárie, inúmeros profissionais, mundo afora, tentam explicar o fato, cada um à sua maneira, e investimentos não são feitos para resolver ou amenizar a problemática? Qual motivo levou o assassino a não atingir a nenhum dos professores que se encontravam ali no momento do massacre? Já que os estudiosos afirmam que tudo partiu de um trauma de infância, teria sido todos os professores do jovem bonzinho com ele, durante todo o tempo de convivência? Qual o motivo de o assassino poupar os meninos e atentar somente contra as meninas?


Massacre do Rio – Parte II: Ato de heroísmo ou de omissão?


Dias antes do massacre do Rio, a Polícia Militar de várias partes do Brasil, vinha sofrendo uma série de críticas provocadas pelo próprio despreparo de grande parte de agentes da Instituição. Aqui em Goiânia, com a Operação Sexto Mandamento (Não matarás), organizada pela Polícia Federal, com intuito de investigar agentes militares que possivelmente estariam fazendo parte de um grupo de extermínio, cerca de trinta militares, em oito viaturas da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana de Goiás - ROTAM praticou uma ação de tentativa de intimidação contra um jornal de Goiânia, passando em frente ao prédio com as sirenes e luzes das viaturas ligadas. O Governador, numa ação instantânea, afastou o comandante e mandou suspender as atividades da ROTAM, temporariamente. O acontecimento ganhou destaque nacional.

Em Manaus, policiais militares foram acusados de envolvimento na agressão a um menino de 14 anos. O caso aconteceu em agosto de 2010, mas só começou a ser investigado em fevereiro deste ano. Isso porque câmeras de segurança flagraram o momento em que os policiais cercaram o menino que, mesmo indefeso, foi alvejado à queima-roupa por várias vezes, num ato de covardia dos agentes. Seis dos sete policiais militares envolvidos no caso tiveram a prisão preventiva decretada pela Justiça, o sétimo está foragido.

Agora chegamos ao xis da questão: o sargento só deu uns tirinhos nas pernas do jovem ou matou o assassino das crianças do Rio? Interessante que o próprio policial, que vem, merecidamente, recebendo condecorações e promoções por ato de braveza, tem demonstrado controvérsias nas suas falas, isto é, primeiro diz ter atirado nas pernas do assassino que, na sequencia se suicidou com um tiro na cabeça, agora vendo uma entrevista dada ao Fantástico, o policial já disse ter acertado o abdômen do atirador e assassino. Inicialmente não estaria o nobre policial temendo uma repressão da sociedade por ter matado um indivíduo? Quem sabe não ouve suicídio e sim um homicídio? Claro que eu não estou tentando defender o assassino e acusar o policial, pois creio que, muitas vezes, uma guerra pode até ser justa, mas nunca a violência contra um ser indefeso poderá ser aceita. Meus questionamentos andam por outros caminhos. O que questiono é o seguinte: não teria o policial realmente dado um tiro certeiro na cabeça do assassino e, temente aos escândalos, os quais parte da Policia Militar tem se envolvido, o policial optou por se precaver omitindo as informações e agora que a sociedade o elegeu como herói está arrependido da suposta omissão? Para a sociedade é completamente admissível quando um policial atinge de modo fatal um bandido. Nessas horas – e em todas as outras – a polícia não precisa omitir. O que a sociedade, inteligentemente, não aceita é ato de covardia cometido por policiais contra inocentes, contra cidadãos de bem. Defendo que, assim como os bravos professores que, ao notar estranheza na escola, cuidaram de bloquear suas salas para proteger as crianças, o policial realmente teve um ato de braveza e é merecedor das condecorações, mas por que ele estaria distorcendo os fatos ao ponto de está perdendo credibilidade?


Massacre do Rio – Parte III (ou Final): A hora da verdade


Sempre que acontece um episódio catastrófico é sempre assim: ganha as principais páginas dos principais jornais, especialistas das mais diversas áreas polemizam o assunto e tentam dar explicações, mas o que a sociedade realmente almeja é a solução para que esses fatos não voltem a se repetir. Realmente é estarrecedora a maneira como as questões dessa natureza são tratadas no Brasil. Veja, por exemplo, o caso dos desastres naturais. As autoridades brasileiras propagavam que isso seria coisa dos outros países e que não aconteceria no Brasil. Quem não se lembra das fortes chuvas que atingiram Pernambuco e Alagoas, no Nordeste e que mataram pelo menos 51 pessoas, deixando cerca de 26 mil desabrigados e mais de 53 mil desalojados. A enxurrada destruiu mais de 11 mil casas, 79 pontes e mais de 2 mil quilômetros de estradas. A devastação nos dois Estados provocou uma comoção nacional, com envolvimento de equipes na busca por sobreviventes e campanhas para arrecadar doações até em dinheiro.

No caso especifico do Rio, como se não bastassem as fortes chuvas na Região Serrana que mataram muita gente e deixaram milhares de pessoas desabrigas precisando de doações de água potável, alimentos, roupas, cobertores, colchonetes e itens de higiene pessoal, agora foi o massacre provocado pelo jovem Wellington Menezes de Oliveira que tirou a vida de inúmeras crianças. As autoridades assistem a tudo isso e nada é feito para a prevenção de futuros casos.

Massacre dessa natureza era visto por nós como coisa de Oriental ou de norte-americano e hoje isso aconteceu embaixo do nosso nariz que sentimos até o cheiro. Para as vítimas atingidas direta ou indiretamente, cheiro de perda, de dor, de desgraça etc., para os que estavam mais distantes, cheiro de horror. E as autoridades brasileiras, quando vão começar os investimentos para amenizar ou coibir as perdas provocadas pelos desastres e pelas desgraças? Vai saber. Como anda a segurança das escolas públicas do Brasil? Será que o atirador realmente invadiu a escola, como propagam por aí ou simplesmente o deixou entrar sem nenhuma revista. A polícia devia agir era nesse sentido e não sair por aí aprontando com cidadãos de bem.
Com o massacre do Rio tenho visto tantos cientificistas buscar explicações, como quem queira resolver todos os problemas através da teoria, está na hora de eles começarem a partir para a prática e se oferecer como voluntários, em suas horas de folga, para ajudar as pessoas que possivelmente corram risco de futuramente vir a apresentar distúrbios mentais, afinal, nada custa umas horinhas de serviço voluntário.


Gilson Vasco

Escritor

Gafes


Concordo plenamente com os linguistas quando eles dizem que quem faz a língua são os falantes e não a gramática, como muitos pensam. Não se pode hostilizar um falante simplesmente pelo fato de ele ao usar vocábulos “gramaticalmente corretos” principalmente se este for desprovido das regras da linguagem culta. Mas indivíduos instruídos devem, além de compreender os vocábulos daqueles menos instruídos, gozar de bons termos linguísticos. Caso isso não seja feito e o intelectual (habituamos a denominar todas as pessoas públicas de intelectuais) pratica uma ação ou profere palavras inconvenientes dizemos que este cometeu uma mancada, deu uma rata ou perpetrou uma gafe.

Fico inquieto e chego até a achar inadmissível quando vejo ou ouço um indivíduo “esclarecido” dizer que alguém está correndo risco de vida, com a intenção de explicar que fulano poderá vir a morrer. Daí ser isso o cúmulo da gafe. Ninguém que está vivo, ainda que em situação crítica, com a saúde comprometida poderá correr risco de vida, corre sim, risco de morte. Para correr risco de vida esse alguém teria que está morto e sujeito à ressurreição. Outro dia, presenciei um cidadão do alto escalão da justiça declarar à imprensa que certo indivíduo tinha sido alvo de uma bala perdida, por está em hora errada em lugar errado! Como pode um ser pós-graduado, um doutor, cometer, duplamente, uma gafe desse nível?!

Primeiro, cidadãos de bem devem, todo o tempo, usufruir de intensa liberdade, se são livres para ir onde quiserem não podem estarem em lugar errado, em momento algum. O indivíduo foi vítima de uma bala porque o elemento que a disparou era quem estava em lugar errado, em hora errada, uma vez que lugar de bandido não é livremente nas ruas ameaçando, prejudicando, colocando em risco a vida de inocentes e transgredindo as leis a toda hora, todavia, lugar de bandido e atrás das grades e não à solta cometendo infrações.

Segundo, dizer que alguém foi alvo de uma bala perdida não é um termo linguisticamente correto para alguém que se diz culto. Quisera eu que todas as balas disparadas contra alguém fossem realmente perdidas e que ninguém jamais as achasse, pois assim nenhum cidadão se feriria com balas. Balas perdidas não causam danos, o que fere são balas achadas involuntariamente, por cidadãos de bem, vítimas de disparos realizados por infratores, pela policia e, muitas vezes, incidentalmente por qualquer um cidadão.

Gilson Vasco
Escritor


segunda-feira, 4 de abril de 2011

Saudade de minha infancia em Wanderley


Tenho pensando em minha cidadezinha,
Quando eu era criancinha, livre naquele lugar.
Parecia um sonho tudo, tudo que eu fazia,
Amizade era o que mais eu tinha e tempo para brincar.
Depois da aurora quando ali chegava o sol
Feito flor de girassol eu corria para escola,
Ali estudava, corria, pulava e também jogava bola,
A professora me abraçava, depois eu ia embora.

À tardinha, parecia obrigação, transpassava o portão,
Com destino a passear...
Não tinha rua, praça ou jardim que não eram visitados por mim,
Era tudo uma beleza! Ia aos bosques, a pé, visitar a natureza,
De bicicleta era uma certeza, contemplava o pôr do sol.
Via seus raios reluzentes cor de ouro nas horas crepusculares.
À noite, a lua vinha saudar-me da janela toda linda, toda bela,
Parecendo uma gazela, moça pura como a flor.

Hoje eu cresci, me mudei para bem longe e tudo já mudou:
Quando a lembrança resolve me visitar,
Vou para a porta da escola imaginária e começo a brincar:
Jogo bola com todos, os meus olhos lacrimejados
A velha bicicleta encostada naquela árvore que tinha lá
Mas tudo isso são somente miragens, eu sei,
São lembranças de Wanderley,
Minha cidade, meu lar.
Gilson Vasco

Escritor

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Adolescer violento


Não é de hoje que existe a violência, seus primeiros procedentes datam de períodos seculares. De acordo com dados bíblicos ela surgiu quando Caim matou seu irmão Abel e daí em diante só tem aumentado e, o que é pior, com uma enorme explosão constrangedora de casos cada vez mais absurdos. Cientificamente falando a violência surge no ato sexual, isto é, desde o princípio, uma vez que para estar vivo é preciso deixar milhões de irmãozinhos (espermatozoides) mortos no caminho, no ato da concepção, pois se assim não fosse não estaríamos vivos, selecionados entre milhões como o melhor e mais preparado (se é que existe preparo) para enfrentar esta vida. O que nem por isso nos torna violentos. Mas na conquista de espaço, no fazer respeitar, a violência se opõe à diplomacia e com isso, o indivíduo que consegue controlar seus impulsos são cidadãos pacificadores, do contrário são violentos e através da repressão, seja no seio familiar, nas ruas ou em qualquer lugar são punidos violentamente, severamente.

Todos os dias são veiculadas na mídia inúmeras manchetes sobre atos infracionais de adolescentes ou mesmo crimes de adultos contra as nossas crianças e jovens.

Discute-se demasiadamente a questão da redução da maioridade penal de dezoito para dezesseis anos como estratégia de diminuir a criminalidade e para isso defende que o adolescente que já sabe votar possui consciência plena para ser responsável pelos seus atos. Defendo a ideia de que um jovem com dezesseis anos tenha sabedoria para discernir o bom do ruim ou o certo do errado, mas repudio a ideia da redução da maioridade penal, pois não são poucos aqueles de idade avançada e ainda assim nem aprenderam sequer a votar. Esse discurso desnecessário de redução penal é, na verdade, uma forma, na qual aqueles que se acham dono do poder encontrou para tentar camuflar a problemática em que a sociedade brasileira estar sucumbida.

O que devia ser prática ou pelo menos estar em pauta era a discussão de políticas educacionais voltadas à qualificação e preparação dos jovens para a vida em sociedade, não se discute sequer o papel da sociedade perante a formação das crianças. Muitos filósofos, dentre eles Aristóteles já nos atiçavam para uma consciência de como conduzir nossas crianças para que futuramente estas se tornem homens de bem, mas o que estamos fazendo é tudo ao contrário: Enquanto a família, base que devia contribuir com a formação consciente dos indivíduos, submete a criança e adolescente a uma espécie de violência psicológica e física a sociedade os provoca a ser o que são. Estigmatizados descobrem nas drogas e, posteriormente, na violência uma suposta solução para seus conflitos, rancores e penares.

A própria mídia, veículo capaz de informar e formar opiniões parece ignorar uma realidade desestruturadora da sociedade por aproveitar do momento desolador e esquece a razão, ou seja, está mais preocupado em divulgar fatos trágicos do que contribuir para a redução do extermínio infantil.

Temos que começar a pensar o modelo de sociedade que queremos para nós e para as gerações futuras, e queremos uma sociedade justa onde nossas crianças serão educadas no seio familiar, pois se continuar dessa forma, a violência vai aumentar cada vez mais. Cada dia que se passa a situação vai ficar mais caótica, a vida será sempre um risco e, viver ou morrer, vai depender mais da sorte do que da segurança que o Estado diz oferecer. Deve ser no seio familiar, na igreja e na escola a preparação para nossas crianças de hoje se tornarem verdadeiros adultos amanhã. A criança violentada hoje é, sem nenhuma dúvida, o adulto que baterá amanhã.

Gilson Vasco

Escritor

Panfleto


Vou passando pelas calçadas e o agente publicitário lança em minha mão um papel para mim. Cada passo, cada movimento um novo papel enfim. Não tenho tempo de dizer não, nem ele espera eu dizer sim. Vida na cidade grande é assim: passa muito veloz e a concorrência não se cansa, nem dança.

Panfleto, enredo de propaganda, convence adulto e criança. E nessa história da propaganda ser a alma do negócio eu já nem consigo ficar de mãos vazias, todos os dias e todas as horas é sempre assim: “Olha o preço baixo!”, “Conserta-se: sapatos, panelas e vasos!”. Que absurdo! “Nossa igreja é ali!”, “Boate ao lado!”, “Venham se divertir!”.

E vou enchendo as mãos, os bolsos, panfleto dos pés ao pescoço e dinheiro longe de mim. Meus passos tapeiam o tempo. “Olha meu rapaz, compre carros aqui”. Ignoro o entregador, que quer ser doutor. Não posso agir assim! Papel no bolso, papel no chão... “Entra aqui meu irmão!”, “Venha conferir!”. Papel na mão, papel no calçadão, nem chama mais a atenção, tenho que ir...

Panfleto, poluição visual, sujeira ambiental, papel ao vento, ao relento, no ônibus, no assento não é documento, é tentativa do aumento do ganha-pão. Receba o panfleto do entregador, pedestre, doutor, pois ele está prestes a ser mais um desempregado, escuta o recado, preste-lhe atenção. Na próxima esquina, de olho nele está seu patrão, sem panfleto na mão.

Panfleto, papel informativo: “Tome aqui aperitivo!”, “Pague só o mês que vem!”, “A vista é cinquenta!”, “A prazo é cem!”, “Não tem inflação!”, “Aproveite meu irmão!”.

“Está desempregado?”, “Ganhe dinheiro fácil trabalhando comigo”.

Panfleto, “Obrigado bacana!” “Aqui você não se engana!”, “Aqui é você quem manda!”. “Fazem-se panfletos!”.
Gilson Vasco
Escritor

Nenhuma mulata na terra do Redentor


Recentemente recebi uma prazerosa missão de acompanhar um grupo de universitários à cidade maravilhosa. Embora eu estivesse muito atarefado aquela incumbência seria um colírio para os meus olhos, um transbordar de alma lavada e um mergulho no mar da cura do estresse.

Ir à Cidade Maravilhosa, andar sobre a Rio Niterói, contemplando a Baía de Guanabara, ver de perto o Corcovado, perambular pelo Jardim Botânico, assistir a uma partida de futebol do time favorito no Maracanã, visitar o Cristo Redentor são sonhos de muitos e realização de poucos.

Fiz tudo isso e achei uma maravilha, aliás, ver o Cristo foi a sétima maravilha! Tudo estava muito bem e muita coisa eu esperava ainda, pois eu estava na Cidade dos Quarenta Graus. Ansioso armei acampamento no calçadão de Copacabana e de famoso só tinha eu que mesmo assim não fui visto por ninguém. Continuei entusiasmado e mudei para a Praia de Ipanema, mas a Garota que vem e que passa não apareceu. Seguir para a Praia do Leblon e, com muita paciência, conseguir atravessar a faixa de pedestres, mas o tempo fechou... Então, me sentei sobre a Pedra do Arpoador e contemplei a natureza. Lá, sob o pôr do sol, eu tentei escrever um poema que falasse de amor, mas a Mulata Carioca dos meus sonhos não apareceu.

Não fiquei muito triste porque levei comigo uma divina do corpo dourado e a grana que paguei para visitar os pontos turísticos da Cidade Maravilhosa foi uma merreca para um desempregado feito eu: trinta ali, quarenta acolá, sessenta para almoçar, setenta para lanchar... E daí? O importante é que tudo era lindo e cheio de graça.

Gilson Vasco
Escritor


A difícil arte de se comunicar


- Trimmmmm... Trimmmmm... Trimmmmm...

- Alô!

- Oi amor, sou eu!

- Como você reconheceu a minha voz?!

- E quem não conhece a voz de um grande amor?

- Grande amor... Você é tão linda!

- Você também é muito lindo, meu amorzão!

- Nossa! Querida como está agudo o tom da sua voz!

- Sua voz também está linda! Queria tanto poder te abraçar e te beijar neste instante! Mas você está tão longe!

- Com todo o respeito, eu gosto muito de você.

- Eu também te amo meu grande e inesquecível amor. Meu pirulitinho!

- Você é sempre brincalhona não é? Maravilhosa!

- E você é sempre gentil. Meu gostosão!

- Você é tudo: é amiga, meiga, gentil...

- Ah, como você é educado. É por isso que sempre eu vou te amar!

- Sabe, querida, eu nunca vou me esquecer de você. Desse seu jeito amoroso com todo mundo, sua delicadeza, compreensão e simpatia.

- Ahi, meu amor, você é tão elegante e gosta tanto de me elogiar. Eu te amo tanto, estou com tanta saudade de você, meu amor!

- Eu também estou com muita saudade de você, mas não posso ir agora tenho que ficar por aqui ainda uns cinco meses!

- Ora, amor, você não disse que voltaria amanhã?

- Eu?

- Que está acontecendo? Você jurou mais de mil vezes!

- Você se enganou, minha amigona, eu não falei isso não!

- Claro que você prometeu. E como se explica o fato de você ter deixado todas as suas coisas aqui?

- Foi engano seu. Deixei bem claro que só poderia voltar quando a minha esposa ganhasse neném.

- Esposa? Seu cafajeste! Seu filho duma figa! Você nunca me disse que tinha outra. E agora ainda vem filho!

- Você deve ter se esquecido, eu sempre lhe falei dos meus filhos...

- Filhos? Então não é só um?!

- Três...

- Mentiu todo o tempo! Não gosta mais de mim?

- Nunca menti para você. Claro que eu gosto muito de você.

- Se gosta, porque então está me traindo com outra?

- Como assim lhe traindo com outra?

- Quer saber de uma, amorzinho?

- Fale...

- Nunca mais olho na tua cara nojenta, seu safado, mentiroso, traidor!!!

- Olha, querida, você esta muito nervosa, nem parece aquela minha amiga de antes, aguarde só mais um instante que eu vou passar o telefone para o seu namorado, pois ele acabou de chegar tchau...

- Alô meu docinho caramelizado...

- Tum... Tum... Tum...
Gilson Vasco
Escritor


O espertalhão



Era uma vez um menino triste meio alegre, magro barrigudinho, baixo feito tamborete de forró, cabeça achatada estilo coité, cabelo da cor de burro quando foge, de olhar de cachorro quando cai da mudança e com chinelos da cor do farinheiro de Nossa Senhora do sertão baiano, conhecido e respeitado por toda a região. Mas ele não era conhecido pelas características físicas, mas sim pelo fato de ser do tipo que perdia um amigo, mas nunca perdia a piada.
Certa vez um forasteiro ficou sabendo das artimanhas do moleque e resolveu tirar uma com a sua cara. Foi procurá-lo e, como se estive com sorte, nada demorou para encontrá-lo. Na suadeira danada do meio-dia o menino estava sentado numa pedra, à beira da estrada camuflada pela poeira imaginando bobagem quando de repente passou o marmanjo a cavalo, parou ansioso para interrogá-lo:
- Ahahahahaha! O que você está fazendo debaixo desse sol tinindo de quente menino?
- Antes quase nada, mas agora estou respondendo um nada sabe!
- Ahahahahaha! Deixa de piadinha menino, onde você mora, hein?
- Em minha casa, ora! Onde mais poderia ser?
- Ahahahahaha! E onde é a sua casa?
- Lá onde foi construída...
- Você só sabe encher o saco, né? Quem é o seu pai?
- É o marido da minha mãe.
- Ahahahahaha! E quem é a sua mãe?
- É a esposa do meu pai, obviamente.
- Ahahahahaha! Isso eu já sabia... Oh, trapalhão.
- Já? E para que perguntou?
- Ahahahahaha! Gosto de ficar informado.
- Por acaso o senhor sabe porque o bode defeca umas bolotinhas pretas?
- Não, meu filho, isso não...
- Não estou dizendo, o senhor não entende nem de merda.
- Não estou achando graça nenhuma...
- É... E nem vai achar, pois as pessoas aqui não perderam nenhuma piada.
- Oh, menino, deixa de brincadeira, saindo daqui aonde eu vou dá?
- Hein, quero dizer: onde o senhor quiser uai... Isso não é problema meu. Tampouco vai doer em mim!
- Ahahahahaha! Estou perguntando onde fica a próxima cidade, danadinho!
- O senhor não explicou, fica um pouquinho antes da segunda.
- Se você não me responde nada sério, como eu vou chegar lá?
- Tchau seu moço...
- Uai, porque tchau?
- Porque agora mesmo eu vou lhe responder...
- Ahahahahaha! Eu sabia que você ia me responder de modo sério! Como?
- Ora, como um bobo que não consegue tirar uma nem com a cara de uma criança pouco vivida. Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha! Ahahahahaha...
Ao som das gargalhadas do guri o forasteiro retornou à sua terra bufando de raiva e nunca mais voltou à região do menino espertalhão.

Gilson Vasco
Escritor


Somos todos iguais


Todo o tempo tenho observado o sofrimento e a angústia do povo brasileiro, povo que luta e sofre para sobreviver. Vai ano, vem ano e a situação é cada vez mais caótica. A cada nova eleição alguns meios de comunicação procuram fazer o candidato dos ricos para governar o País onde a maioria da população é composta por pobres. Este, por sua vez, promete o céu, a terra, a lua, o sol, as estrelas e o mundo. E o povo, sempre manipulados por esses meios comunicativos, o elege. Mas nada do que foi prometido, se realiza e, novamente, o povo é enganado, pisoteado, desrespeitado, ignorado, massacrado, lançado ao abismo e recebe o inferno como brinde pelo voto. O povo não quer tanto, só quer saúde, lazer, respeito, dignidade, trabalho, educação, moradia, boa qualidade de vida, realização, mudança e esperança.

Cansado de sofrer e ser enganado, nas últimas eleições o povo vem ignorando aqueles meios de comunicação manipuladores e votando na mudança. O atual governo é a esperança do povo brasileiro, uma vez que os seus projetos e idéias atingem os interesses populares e levam as pessoas a sonhar, a acreditar e a esperar por um país melhor! É certo que parece que ele nunca vai chegar, mas o importante é esperar. Esse retirante nordestino e ex-metalúrgico de pouca escolaridade é o governo que o povo realmente queria.

Existem alguns apresentadores de programas de rádio e de televisão que só porque nas duas últimas tentativas não conseguiram eleger o candidato dos ricos, invés de ajudar o candidato dos pobres preferem criticá-lo dizendo que o povo precisa é de emprego e não de comida. O povo precisa sim de emprego, de preferência um emprego no qual não se faz nada e recebe uma boa grana no fim do mês, mas ninguém consegue trabalhar de barriga vazia. Esses apresentadores são lideres em audiência graças ao povo que em sua maioria elegeu o atual governo e, por isso, merece respeito, ora onde já se viu ir contra a opinião popular, criticar o candidato do povo?! Deviam falar e mostrar a verdade, mostrar a cara do País como o governo sociólogo o deixou. Com sua política de privatizações vendeu o Brasil, elevou as dividas interna e externa em centenas de vezes, alçando-as praticamente ao Produto Interno Bruto do Brasil, a taxa de desemprego passou a ser considerada uma das maiores do mundo, a pobreza foi acentuada, os índices de criminalidades ultrapassaram até as situações de guerra e o Brasil no final do seu mandato passou a ser considerado o País mais violento do mundo.

O atual governo sim, ele é bonzinho, diferente do atleta, do fazedor de fusca e do sociólogo. Criou o Estatuto do Idoso, o Programa Luz Para Todos, o Fome Zero e um emaranhado de benfeitorias. Tão complacente e justo que empregou todo mundo e os velhinhos que já não agüentavam mais trabalhar foram se cadastrarem, assim eles matariam dois coelhos com uma paulada só: provariam que não estavam mortos e ainda ganharia um dinheirinho de graça, sim de graça, pois velho não agüenta trabalhar. E a fome, meu Deus? Nós brasileiros passávamos fome! Agora não, agora temos o Fome Zero! E não é só isso, ora, pois, o governo é um bom pagador. Imaginem que somente em janeiro deste ano foram mais de seis milhões de horas extras pagas à vista para os pobres trabalhadores dos órgãos públicos de Brasília! Isso é que é ser honesto. Isso é que é ter dinheiro. Ah, está até emprestando para os estrangeiros, já que não passamos mais fome, nem precisamos de dinheiro temos mesmo é que emprestar!

Agora somos todos iguais e para mostrar que o governo é um defensor das causas nobres enviou uma força de Paz para um país que vivia em guerrilha, nem precisava, fez por bondade natural, pois todo o mundo já sabe mesmo que em nossa casa não existe mais violência e que até mesmo nas favelas (eu disse favelas?) a paz passou a reinar.
Gilson Vasco
Escritor