O inciso V do artigo 53, do Estatuto da Criança e do Adolescente que
veio para assegurar, na prática, o acesso à escola pública e gratuita próxima à
moradia das crianças e dos adolescentes não passa de uma teoria. Pensa, por
exemplo, nos novos bairros construidos nas regiões periféricas da metrópole,
nos últimos anos, para abrigar milhares de famílias de baixa renda... Sabem
como anda a situação da classe infanto-juvenil dos residencias Orlando de
Morais, Santa Fé, Jardins do Cerrado &Mundo Novo (o maior entre eles) e de
tantos outros residenciais? Com problemas parecidos com os dos demais
empreendimentos habitacionais, os residencias Jardins do Cerrado & Mundo
Novo, bairro criado para ser
referência nacional e maior complexo habitacional da América Latina, em Goiânia
paga um alto preço motivado supostamente por interesses políticos partidários. Como se não bastasse o
fato de o bairro ter sido entregue aos moradores praticamente sem nenhuma infraestrutura
(ruas sem asfalto, creche e escola municipais que não atendem toda a demanda,
uma linha de ônibus ineficiente e inexistência de escola estadual), passados
quase quatro anos de existência do bairro com todas as casas construídas já
ocupadas, os residenciais, localizado na região oeste da Capital e atualmente
comportando quase 25 mil moradores de baixa renda vivem um dilema: moradores
não contam com os direitos básicos garantidos pela Constituição Federal! Falta
asfalto, rede de esgoto, segurança etc., mas, nos últimos dois meses, o maior
drama vivido por centenas de mães surpreendidas com a triste notícia, sem aviso
prévio, de que seus filhos não teriam mais transporte escolar para a rede
estadual de ensino.
Desde a fundação do
bairro em 2009, até o ano passado, cerca de desessete ônibus escolares transportavam alunos para o Colégio Estadual
Aécio Oliveira de Andrade, no setor Urias Magalhães, Colégio Estadual Edmundo
Pinheiro, no Bairro São Francisco, e, a partir do início do ano passado, o
Colégio Estadual Marechal Rondon, na Vila Irany, passaram a receber os alunos
moradores dos residenciais, mas as escolas municipais e colégios estaduais de
bairros como Criméia Oeste, Fama, Conjunto Vera Cruz, Recanto do Bosque,
Finsocial e até a cidade de Trindade acolhem os estudantes dos residenciais
Jardins do Cerrado & Mundo Novo que, com muito sacrifício, usam o
transporte convencional, quando o essencial seria a construção de equipamentos
educacionais municipais e estaduais dentro do nosso bairro que atendesse toda a
demanda estudantil para livrá-los do perigo que correm mediante o tráfego pelas
GOs.
A escola estadual mais
próxima se localiza no Conjunto Vera Cruz, a cerca de 6 quilômetros e a
situação é tão problemática que, depois da triste notícia de que o Estado não
mais iria repassar a verba para custear o trasnporte escolar, nos últimos dois
meses moradores já se reuniram diversas vezes na tentativa de conseguir uma
simples audiência pública com o Secretário Estadual da Educação e não obtiveram êxito. Manifestos foram feitos com
apoio da imprensa, porém, nada foi resolvido, sem contar que desde início de
2010, moradores, através de ofícios vêm pedindo a construção da escola
estadual, haja vista que o bairro já conta com duas áreas públicas exclusivas
para a construção da instituição estadual de ensino.
Com a retirada do
transporte escolar para as escolas estadual Aécio Oliveira de Andrade, Edmundo Pinheiro e Marechal Rondon, 900
alunos, em média, perderam suas vagas, ou seja, foram literalmente expulsos das
instituições estaduais, muitos, simplesmente por serem alunos do Ensino
Fundamental que não é obrigação prioritária do Estado e sim do Município. Não
resta dúvida que o município também foi omisso, por não construir escolas que
atendam os alunos das últimas séries do Ensino Fundamental e preferem gastar
elevadas somas com o transporte escolar, mas pior que isso agiu a Secretaria
Estadual da Educação que, além de não ter construído nenhuma escola estadual no
bairro que já caminha para o seu quarto ano de existência, não tem se
responsabilizado pelo transporte escolar dos alunos da rede estadual. Com isso,
o número de alunos que passaram a usar o transporte convencional para irem às
escolas acabou superlotando as linhas do transporte coletivo que atendem o
bairro.
O que aconteceu com o cumprimento do Estatuto
da Criança e do Adolescente em Goiânia? O que aconteceu com nossos direitos
constitucionais? É impressão minha ou realmente há governantes que não estão
cumprindo com seus deveres? Isso porque eu nem cheguei a falar da falta de
esporte, lazer e outros programas de atendimento às crianças e aos adolescentes
goianienses.
Gilson Vasco
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