A história do transporte de passageiros na minicidade também
é um fato peculiar. Quando o bairro recebeu seus primeiros moradores em outubro
de 2009, uma única linha de ônibus, a linha 338, (Jardins do Cerrado I -
Terminal Conjunto Vera Cruz) servia precariamente a
população, as viagens tinham intervalos de mais de uma hora e o percurso era
somente até o Terminal do Conjunto Vera Cruz, isto é, por muito tempo, até
mesmo nos horários de picos, os ônibus velhos e sem nenhum conforto despejavam
todos os passageiros dos residenciais no Terminal Vera Cruz! De lá, quem
quisesse chegar ao centro de Goiânia ou seguir para outro destino era obrigado
a esperar outros ônibus que já vinham lotados de outros bairros. Os passageiros
dos Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo, além de não ter um ônibus
exclusivo para ir ao centro da cidade, sofriam preconceitos dentro das outras
conduções lotadas. Sofrimento maior era sentido pelos cadeirantes e idosos, com
tantos embarques e desembarques desnecessários.
Para ser mais preciso, antes da criação da Associação dos Moradores, o
passageiro esperava, em média, uma hora e trinta e cinco minutos nos pontos de
ônibus dos Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo. E, muitas vezes,
quando a condução passava nos dois últimos pontos da etapa IV do bairro,
trabalhadores, estudantes e demais passageiros ficavam sem embarcar, pois de
tão cheio o ônibus não parava nos pontos.
Mas, o pior estava por vir, e veio quando o representante soube
que além daqueles problemas, outro maior estava por vir, já que a etapa VII dos
residenciais ia ser inaugurada e a linha 338 (Jardins do Cerrado I -
Terminal Conjunto Vera Cruz) que já era ruim passaria
a servir mais uma etapa que habitaria mais 10 mil moradores. Rosendo Conceição não
aceitou, jogou as cartas sobre a mesa e exigiu a criação de uma nova linha,
para atender a etapa VII, com alegação de que com a inauguração de mais uma
etapa do barro, 25 mil moradores usariam o ônibus. A Companhia Metropolitana de
Transporte Coletivo (CMTC) atendeu ao pedido e criou a linha 344 (Jardins
do Cerrado VII - Terminal Conjunto Vera Cruz), porém,
ela continuaria indo somente até o Terminal do Conjunto Vera Cruz, como a linha
338. Começava aí uma das maiores batalhas do representante do bairro,
instigando o povo a lutar pela melhoria e extensão da linha de ônibus até o
Terminal Padre Pelágio, que realmente era o mais viável e, hoje se sabe disso,
de tal modo que, posteriormente, a própria CMTC mais do que admitiu, uma vez
que meses depois de sua total extensão repetiu o feito com o Residencial Monte
Pascoal e com o Eldorado Parque Oeste, sem sequer necessitar da luta dos
moradores desses dois bairros nas proximidades da minicidade.
A população da
minicidade estava correta, todos os dias via a olho nu a insistência da CMTC em
obrigar o desembarque de idosos e cadeirantes no Terminal do Vera Cruz e dois
minutos depois, o mesmo ônibus que descarregava o povo, mudava o itinerário e
seguia para o Terminal Padre Pelágio. Isso era um tapa na cara da população da
minicidade.
Tinha prosseguimento aí a cobrança para a extensão e,
depois de mais de dezesseis reuniões do povo com a CMTC, o povo, encabeçado
pelo representante da minicidade, foi obrigado a protestar pacificamente,
bloqueando a passagem dos ônibus que entravam no bairro, com o apoio da imprensa
televisiva, radiodifusão, escrita e da Polícia Militar.
Após isso, o transporte coletivo do bairro sofreu algumas
melhorias, as duas linhas foram, gradualmente, sendo estendidas até ao Terminal
Padre Pelágio, mas as cobranças continuavam e a CMTC se negava a
estender as linhas por completo e, para não estender a linha de ônibus direta e
diuturnamente para o Terminal do Padre Pelágio, a CMTC alegava duas desculpas:
uma de que somente a extensão do Eixo Anhanguera resolveria o problema, embora
ainda não tivesse colocado esse projeto em prática, e outra de que não havia
espaço no Terminal Padre Pelágio para a colocação de mais pontos de embarque e
desembarque. Era uma inverdade, pois se nos horários de picos que o tráfego era
bem mais intenso já fora colocado, isso só vinha provar que nos horários de
entre picos também poderia ser posto, já que nesses horários o trânsito era bem
menor. O que a CMTC parecia era não querer saber que após ter colocado o nosso
ônibus direto para o Terminal Padre Pelágio, nos horários de picos, o Terminal
do Vera Cruz passou a respirar. Bem, o fato é que as cobranças continuaram e, daquele
modo, com ajuda de grande parte da população dos residenciais, a linha 338 e
344 passaram a ir para o Terminal Padre Pelágio e 80% da frota de veículos
passaram a ser adaptada, amenizando o sofrimento dos cadeirantes.
Apesar das
mudanças significativas que atingiu não somente a minicidade, mas toda a
região, como já vimos, até hoje não melhorou o suficiente
ainda para atender toda a demanda da população. A luta continua porque a
minicidade comporta muitos idosos e cadeirantes, por isso, nenhum
argumento vindo por parte da CMTC, ou qual for a parte, no sentido de não
promover melhorias não justifica, dado o número de usuários do sistema.
Na nossa
próxima etapa da série abordaremos um assunto também muito importante, veremos
como anda a questão do asfalto na minicidade. Aguardem!
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua participação, seja comentando ou simplesmente visualizando.