No artigo
anterior desta série vimos que os Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo necessitam
de mais atenção também em relação à cultura, ao esporte e ao lazer, porém, conforme
prometido, nesta parte VII, abordaremos a problemática da violência na qual a
minicidade foi sendo inserida e hoje se encontra submergida ao descaso, ao
medo, devido também à falta de segurança pública, um dever do Estado, direito
assegurado aos cidadãos pela Constituição Cidadã de 1988.
De 2009 até
2012 pode se dizer que a minicidade era em Goiânia um dos bairros mais calmos
para se viver. A partir do início de 2013, o bairro convive com altíssimos
índices de violência ao ponto de assustar os moradores. Não que nos primeiros
anos não tivesse registrado desavenças, mas quase três anos depois de sua
inauguração, os Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo se sucumbiram à
violência intensa.
Mas nada
disso veio gratuito. Entender o motivo do crescimento da violência é muito
simples. Quando em 12 de fevereiro de 2010 que o então presidente Luiz Inácio
Lula da Silva visitou à minicidade para inaugurá-la ele já reclamava da falta
de estrutura no conjunto habitacional, dizendo que as moradias precisavam
receber nos próximos meses muros e que a minicidade precisava urgentemente de
equipamentos esportivos, asfalto e mais escolas. Lembrou que era necessária a
realização de um senso para saber quantos jovens do conjunto habitacional estavam
na adolescência para que o poder público ficasse sabendo a quantia exata de
jovens moradores no local e que esses jovens pudessem ter a oportunidade de
fazer cursos oferecidos pelo governo. Ele mesmo taxou os Residenciais Jardins
do Cerrado e Mundo Novo que eu chamo de minicidade de “cidade nova”, e disse
que a cidade nova necessitava de estudo, lazer e cultura para que, em hipótese
alguma, o poder público abandonasse a minicidade, pois, segundo o presidente
ainda, caso isso viesse a acontecer, os Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo
Novo correriam o risco de virar uma favela, num intervalo de menos de dez anos,
a contar daquela data.
Reclamando da
falta de áreas esportivas na minicidade, o presidente ainda alertou dizendo que
o governo federal tem que junto com os governos estadual e municipal construir quadras
de futebol e de basquete para a meninada, uma vez que se não ocupar o tempo das
crianças e adolescentes com coisas saudáveis, como o esporte eles se ocuparão
com a droga, com a prostituição e com a violência.
Pois é, nada
disso que foi falado se cumpriu. Compreendem agora, o motivo do aumento da
violência na minicidade? Crianças e adolescentes desassistidos pelos pais, pela
sociedade e pelo estado são um prato cheio para bandidos. Somado a isso, ainda
há a omissão do Estado que não oferece uma segurança de qualidade, Nem mesmo
após encasáveis reivindicações da sociedade. Ora, além
do encaminhamento de diversos ofícios dirigidos aos órgãos competentes, o
representante legal da minicidade tem ido pessoalmente, várias vezes, solicitar
do Estado a construção de colégios estaduais, já que o bairro possui três áreas
para esse fim; pedir a construção da rede de esgoto, já que todos os domicílios
ainda se servem das fossas sépticas; solicitar também a construção de um
ginásio de esportes para as crianças e adolescentes do bairro se manterem
ocupados com os esportes e, principalmente, requerer a construção e manutenção
de um posto policial, uma vez que o bairro possui cerca de 30 mil moradores e a
segurança, como estamos dizendo e constatando, ainda é muito precária.
Passados quase seis anos de existência da minicidade,
lamentavelmente, nenhuma das solicitações feitas pelo povo foi atendida, nem
mesmo o pedido de construção de pelo menos um posto policial nos residenciais. A
carta-resposta informava que a minicidade e região estava sendo assistida pela
18ª DDP/GYN, atendendo satisfatoriamente a demanda dos Residenciais Jardins do
Cerrado e Mundo Novo, e que o Estado não dispunha de estrutura física e humana,
pelo menos naqueles momentos, para atender a solicitação (seis anos? E nossos
impostos?).
Realmente, caso as autoridades públicas não olharem para a
minicidade, a fala do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva se cumprirá como se cumpre uma profecia. Muitos meninos que no
fim de 2009 para o início de 2010 tinha uma faixa etária de 9 ou 10 anos e não
tiveram uma atenção da família, abandonados pelo poder público, alguns já
perderam a vida no trafico, outros se transformaram em bandidos mirins e outros
ainda estão a mercê da própria sorte, ou mesmo da falta dela.
A única esperança que ainda resta ao povo é saber que
apesar da crescente violência, isso não é um luxo exclusivo da minicidade, pois
o bairro, felizmente, ainda não é um dos mais violentos da Capital. Mas pode
ficar, caso medidas concretas a curto e a longo prazos não forem tomadas.
Na nossa
próxima etapa da série abordaremos um assunto também muito importante, veremos
como se deu a criação da Associação dos Moradores, bem como sua atuação,
conquistas e frustrações. Aguardem!
Gilson
Vasco
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