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Para quem acredita na existência de Deus, há sempre uma luz radiante, ainda que a vida pareça mergulhada em profunda escuridão. Chega um momento que precisamos nos libertar dos grilhões, das amarras e correntes que nos enclausuram num pequeno mundo, sairmos da nossa caverna e irmos de encontro à luz.

domingo, 20 de novembro de 2016

Residenciais Jardins do Cerrado, um bairro periférico esquecido - Parte (II)


Os Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo foram inaugurados às pressas para evitar uma suposta invasão, uma vez que milhares de casebres estavam prontas e se mantinham desocupadas à espera de seus respectivos donos, enquanto milhares de famílias continuavam sem teto. As primeiras famílias a se mudarem para o empreendimento dependeram da entrega de água em carros-pipas para o uso diário e de luz de vela para clarear. Somente dias depois, aos poucos, esses recursos foram sendo instalados nas casas já habitadas.

Em 2009, à época da chegada dos primeiros moradores rigorosamente selecionados, o bairro já contava com um Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI), com capacidade para atender até 100 crianças; um pequeno Posto de Saúde da Família (PSF); e uma escola municipal para cerca de 1000 alunos do primeiro ao sexto ano, porém, a escola estadual mais próxima se localizava em outro bairro, a cerca de seis quilômetros, de modo que a partir do início do ano letivo de 2010, uma média de 20 ônibus escolares transportavam os alunos para várias escolas e diversos colégios da Grande Goiânia.

Colégios estaduais como Aécio Oliveira de Andrade, no Setor Urias Magalhães, Edmundo Pinheiro, no bairro São Francisco e, a partir do ano de 2012, Marechal Rondon, na Vila Irany passaram a receber os alunos dos Residenciais Jardins do Cerrado e Mundo Novo. A massa estudantil era tão gigante que muitas escolas municipais e colégios estaduais de bairros como Criméia Oeste, Fama, Conjunto Vera Cruz, Recanto do Bosque, Finsocial e até a cidade de Trindade também acolheram os estudantes da minicidade, uma vez que, como disse a única escola do bairro, que era municipal, não conseguia atender nem 30% da polução estudantil.

Eram transportados em média, cotidianamente, em dias letivos cerca de 200 alunos para o Colégio Estadual Marechal Rondon; 300 alunos para o Colégio Estadual Aécio Oliveira de Andrade (desses 110 era exclusivamente do Ensino Médio); e 400 alunos para o Colégio Estadual Edmundo Pinheiro. Totalizando 900 alunos da rede estadual de ensino, e outros ainda da rede estadual que usavam o transporte convencional para chegar às escolas de outros bairros e até para o município de Trindade. Sem contar aqueles da Rede Municipal, transportados para várias escolas do Conjunto Vera Cruz.

Em fevereiro de 2012, a etapa VI, da minicidade ganhou mais uma Unidade Básica de Saúde, uma CMEI e mais uma Escola Municipal, porém, em 10 de setembro de 2012, o estado tentou assumir o transporte colocando monitores nos ônibus escolares, mas não deu muito certo. Ainda no mesmo ano, continuava grande impasse em relação aos problemas vividos pelos moradores da minicidade, principalmente pela classe estudantil e seus pais, já que os alunos do Ensino Fundamental foram literalmente convidados a mudarem de escola, problemas gerados entre estado e município que somou prejuízo para os estudantes, isto é, as secretarias das escolas estaduais começaram a comunicar aos pais de centenas de estudantes da rede estadual de educação que moravam na minicidade para que eles procurassem as escolas para fazer a retirada da transferência dos filhos, alegando que a rede estadual de ensino não iria mais arcar com as despesas de transporte escolar dos residenciais para as escolas estaduais de alunos do Ensino Fundamental.

Os pais e responsáveis foram pegos de surpresa e ficaram de pés e mãos atadas sem saber o que fazer com os filhos fora da escola. Além de não ter escolas no bairro, os pais não tinham poder aquisitivo para pagar transporte para os filhos.

Para tentar amenizar o problema a Escola Municipal Lions Clube Bandeirantes, localizada no Bairro Goiá e a Escola Municipal Dom Fernando Gomes dos Santos, no Residencial Goiânia Viva passaram a receber centenas de estudantes da rede municipal, estes conduzidos pelo transporte escolar. Já os alunos do Ensino Médio, passaram a frequentar outras escolas utilizando o transporte convencional, até que no ano seguinte, o estado aprovou o passe livre estudantil e muitos alunos conseguiram o benefício social.

Já no início de 2015, a etapa I da minicidade recebeu mais uma escola municipal e grande parte dos alunos que frequentavam as escolas municipais Lions Clube Bandeirantes e Dom Fernando Gomes dos Santos foram acolhidos dentro da minicidade, onde poderão concluir o Ensino Fundamental.

Atualmente, o bairro possui três escolas municipais, duas comportam os Ciclos I e II do Ensino Fundamental, o que correspondem do primeiro ao sexto ano e outra que comporta até o nono ano. Em relação às escolas estaduais, três áreas foram doadas pelo município, antes mesmo da inauguração do bairro, porém, até o momento presente a minicidade não possui, sequer, uma escola estadual.

No próximo artigo veremos que a saúde na minicidade também deixa muito a desejar, uma vez que os PSFs não conseguem atender a demanda do bairro gerando transtornos para as famílias de baixa renda que moram nos residenciais.

Gilson Vasco


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